segunda-feira, 4 de maio de 2015

CAPÍTULO 15 - "LOVE IS A FUNNY THING..."

No capítulo anterior:
Ninguém entenderia... É intensa, verdadeira e é apenas nossa, não uma história de revista cor de rosa ou uma telenovela... Nós não somos atores, somos somente nós. E isso é mais que o suficiente...

O fim de semana passou rapidamente... O sábado foi resumido no meu modo mais vegetativo e ressacado, sozinha em casa. Porquê sozinha? É o que acontece quando apanhas uma valente bebedeira, mas o teu namorado e o teu primo não e decidem aproveitar o primeiro dia do fim de semana para estar com uns amigos. Sendo sincera, não me importei nada, adoro dormir e assim ninguém me incomodou... Foi perfeito! No domingo, foi dia de Catedral ver o glorioso a ganhar e somar pontos no seu fantástico primeiro lugar no campeonato. E à noite foi para festejar com o meu campeão (o que já se vem a tornar hábito, o que se pode dizer? Há uma enorme atração física e química entre nós e quem é que consegue resistir a um homem daqueles?).


A chegada de segunda feira trouxe consigo um exército de nervos a destruir-me por dentro, mas tentei esconder o máximo que consegui. No Seixal, encontrava-me às 9h da manhã numa reunião com pessoas da direção do Benfica, da equipa médica e o responsável pela secção de fisioterapia das equipas de futebol...
- Bom dia! Inês Correia, certo? - perguntou-me o presidente Luís Filipe Vieira.
- Bom dia! Sim, sou eu... - respondi convicta.
- Estamos aqui porque recebemos o seu currículum e, analisamos tudo, a sua média de notas de curso é surpreendente, as informações do seu estágio e trabalho são fantásticas, apesar de ter estado um tempo ausente...
- Sim, eu estive internada com um problema grave de saúde, tive de deixar o trabalho que tinha. Já fui operada, estou 100% recuperada e quero retomar tudo. Não esperei ter uma resposta positiva daqui, sei que têm grandes fisioterapeutas, que eu não tenho anos de experiência... Simplesmente, não custa tentar... - falei sem parar (prova do meu nível alto de nervos).
- Para sua sorte, um dos fisioterapeutas da nossa equipa, pediu transferência. Portanto, temos um lugar livre e queremos saber se quer fazer parte da equipa de fisioterapia das equipas de futebol - falou um senhor que deduzi ser "o boss" da equipa médica.
- Wow, eu estou sem palavras... Eu sinto-me honrada, poder trabalhar no meu clube de coração é um sonho... - confessei boquiaberta.
- Ótimo, temos Benfiquista! - exclamou um dos senhores presentes.
- E sócia desde pequena! - afirmei com orgulho. - Eu gostava de informar algo, antes de começar, não quero que saibam por terceiros, muito menos que isso interfira com a minha vida profissional... Eu separo completamente a minha vida pessoal da profissional, mas acho que deviam saber que o Francisco Correia, jogador da equipa A, é meu primo (quase um irmão para mim...) e o Pedro Rebocho e eu estamos a começar um namoro sério...
- Bem, eu não esperava isso... Todavia, gostei que tenha sido sincera e contado. Desde que deixe do lado de fora a sua vida profissional, não vejo nenhum inconveniente... - comentou o presidente.
A minha deusa interior corria pelos campos fora que nem a Heidi, pulando de alegria, atirava flores ao ar... Eu não conseguia acreditar, eu não estava em mim... A minha vida finalmente começava a tomar um rumo como deve ser, com namorado, emprego, hobby da dança... Tudo começava a entrar nos eixos...
Logo assinei contrato, sem hesitar, hoje o dia seria para aprender os cantos à casa, conhecer o pessoal, ver os horários para amanhã começar "on firme". Na visita guiada, levaram-me até aos campos onde estava a equipa principal a treinar, incluindo os meus dois rapazes...
- Rapazes, uma pequena pausa, querem falar connosco... - afirmou o treinador.
- Temos gatinha nova na área? - murmurou um dos brasileiros.
- Pessoal, respeito! A Inês Correia vai fazer parte da equipa, é uma belíssima fisioterapeuta e espero que ela não se queixe de vocês... - comentou o chefe da equipa de fisioterapia.
- A sério? Parabéns, Nocas! - gritou o meu primo, vindo a correr na minha direção...
- Kiko, estou em trabalho, lá fora é que somos primos... - comentei quando me separei dele, não queria deixar que a minha vida pessoal estragasse esta oportunidade.
- Inês, está à vontade, só amanhã é que precisas de fazer essa distinção - acalmou-me o treinador.
Esse facto descansou-me e levou o meu primo a fazer um velho cumprimento nosso, algo que fazíamos sempre em miúdos para festejar... A verdade é que nós somos umas autênticas crianças, sempre fomos assim... A nossa ligação era muito forte, mais que primos, quase irmãos...



Todos se riram da nossa figurinha de idiotas (para não variar muito), abracei-o outra vez e disse:
- Obrigada pelo apoio, gordo!
- Ah, até a tua prima concorda que estás gordo... - comentou a rir o Rúben Amorim.
Entre muitas brincadeiras, simpatia e alguns olhares atrevidos, cumprimentei todos os jogadores e equipa técnica presente, deixando uma pessoa para o fim, o meu boy... Ele ainda não tinha reagido, talvez por medo de não podermos assumir que estávamos juntos, por medo daquilo que eu pudesse pensar da atitude dele... A verdade é que ao olhar naqueles olhos perfeitos, eu conseguia ler a mente dele, tudo o que lhe passava pela mente. Ele tinha um brilhozinho nos olhos amoroso, o que mostrava o quão orgulhoso ele estava de mim e por saber que isso era o que ele precisava para garantir que eu ficasse mesmo na capital, perto dele. Por outro lado, tinha algo diferente no olhar, algo que eu já tinha visto, ele estava com ciúmes. Se havia algo negativo que nós tínhamos em comum era a possessividade e os ciúmes (algo que ele já tinha confessado que nunca tinha sentido tais sentimentos tão fortes por outra pessoa, tal como eu...), o lado positivo era que ambos adoravamos isso um no outro... Era um sinal que nos amávamos. E ele estava com ciúmes, queria mostrar a todos que eu sou só dele e eu iria permitir isso, não quero o meu "macho alfa" a sofrer...
- Estás feliz, grandalhão? Era isto que querias? - perguntei aproximando-me dele.
Ele sorriu amplamente, abraçou-me e congratulou-me:
- Eu quero-te só a ti... Parabéns, pequena! Tu mereces...
Ao soltar-me do abraço, beijei-o com amor. Todos saberiam do nosso namoro e ele podia marcar território. Que hei de fazer? Eu amo-o mesmo...



- Amo-te, princesa! - confessou, uma vez mais. Será que alguma vez me habituarei a ter uma perfeição destas apaixonado por mim? Será que algum dia as borboletas desaparecerão? Não sei, espero bem que não...


Os dias foram passando e a minha rotina já estava a ser estabelecida entre trabalho, ginásio e casa. Acordar cedo nunca foi algo que eu gostasse muito, mas o trabalho obriga-me a isso... Esta sexta já atuei na rua com o meu grupo de dança, foi fantástico, mas ainda temos muito que fazer pela frente... O importante é termos um objetivo, treinarmos muito, empenharmo-nos a sério e divertirmo-nos sempre. Como o meu avô paterno sempre diz: "Sem amor e alegria não vamos a lado nenhum", esse é um grande lema de vida, palavras sem dúvida muito sábias.
Como ainda estou no início do meu trabalho como fisioterapeuta, ainda observo mais do que faço. Sinceramente, ainda bem que aprendo rapidamente observando, porque não fazer quase nada é terrível...


Sexta de manhã e eu fui para a cozinha do apartamento do meu primo descalça (pequeno vício que eu tenho) e encontrei o Pedro a preparar os nossos cafés. Até gostaria de dizer que foi o cheirinho a café (que é como uma droga para mim) que me fez parar de andar, mas a realidade é que foi o meu homem de calças de fato de treino e camisola larga do Benfica. Adorava vê-lo com aquele estilo de roupa (ou mesmo sem ela) e aquele ar desarrumado e despreocupado, outrora eu imagi8naria o que aquele tecidos esconderam, mas agora conheço bem e sei que amo o que está oculto.
O Pedro olhou-me, enquanto eu caminhava na sua direção, com aquele olhar ternurento, afetuoso. Será que eu tinha o mesmo efeito no início do dia para ele, tal como ele tinha em mim? Provavelmente não... Para mim, das duas uma: os homens ou pensam em sexo ou não pensam em nada.
Segurando no pulso dele, coloquei a mão dele sobre o meu rabo. Um sorriso apareceu no canto da boca do meu namorado.
- Bom dia, pequena!
Deu-me um beijo no canto da boca e, de repente, só sinto uma palmada firme numa das minhas nádegas. Com o susto, assustei-me, mandando um salto. No entanto, um pequeno gemido baixinho acabou por escapar da minha boca... Ele sabia que apesar de ter doído um pouco, seria uma ligeira dor prazerosa para mim.
- Hmm, tu gostaste, princesa... - murmurou de sorriso nos lábios.
- Isso dói, grandalhão - disse eu de beicinho, tipo menina pequena.
O Pedro encostou o seu corpo ao balcão da cozinha e colocou-me entre as suas pernas. Desculpou-se com sussurros no meu ouvido, passou o nariz do meu rosto para o meu pescoço, onde cheirou o meu perfume e deixou um pequeno beijo. Ao mesmo tempo ia acariciando a zona onde me tinha batido, zona que ainda estava ligeiramente dolorida, para logo de seguida me mandar uma palmada na outra nádega.
Apanhada de surpresa, saltei para a frente, colando os nossos corpos. Com a palmada e toda aquela aproximação, senti todo o corpo do meu namorado e o quão excitado ele estava com toda aquela brincadeira... De novo...
- Para, Pedro! - gemi.
- Também estás a ficar excitada, pequena? - perguntou ao meu ouvido.
- Para, isso dói... - murmurei, apesar de continuar a esfregar o meu corpo no dele.
Esta manhã, como em tantas outras, eu tinha sido acordada com beijinhos e carinhos. Fizemos amor e tomamos banho juntos. Mas, mesmo assim, ele já estava pronto para mais. E eu também... O vício que temos um pelo outro é enorme.
- Céus, Inês, tu vais acabar comigo...
Ele é perfeito, tem um corpo que faz qualquer uma delirar e um cheiro hipnotizante. E, ao que parece, eu, de alguma forma, consigo perturbar este "deus do sexo e de todas as loucuras femininas".
Coloquei os meus braços envolvendo o pescoço dele e informei:
- Temos de ir trabalhar, amor.
Como resposta, pegou-me ao colo e esfregou-me no seu colo, afirmando:
- Logo, vamos jantar fora e depois ficas no meu apartamento. Esta noite somos só nós os dois...
Com aquela promessa, eu beijei-o, devorei-o com a boca, ataquei-o com vontade. Ele, por sua vez, segurou-me a cabeça e pôs-me no ângulo que queria, beijando-me de uma forma muito mais intensa. Rapidamente, eu já estava "on fire". Ele mantinha-me na posição que queria e ia-me mordiscando o lábio inferior entre beijos. O gosto dele misturado com um ligeiro sabor a café, deixava-me inebriados. Nas pontas dos meus pés, puxei-o mais e mais para mim... Nós estávamos colados o máximo que podíamos, mas parecia que ainda sentia uma distância grande entre nós... Eu queria mais e ele também...
- Uau! - exclamou o meu primo ao deparar-se com aquela pequena "cena" - Não se esqueçam que isto é uma cozinha e não estão sozinhos...
O meu primo acabou com o feitiço sexual que eu me tinha visto envolvida, claro que a pequena deusa que vive no interior de mim estava a fazer aquele olhar matador ao Francisco, todavia eu sorri e tentei afastar-me do meu namorado. Algo que ele não permitiu, apenas parou o beijo, acariciou a minha bochecha, beijou o topo da minha cabeça e deu o café que ele tinha preparado para mim...
- Bom dia, Francisco! Vamos embora? - falou o Pedro.
- É melhor, antes que cheguemos atrasados...

O dia de trabalho chegou ao fim e, depois da atuação na rua com o meu grupinho, arranjei-me em casa para ir jantar fora com o bebé.

@inescorreia: Pronta, siga caminho!

O jantar seria num restaurante com um aspeto bastante chique, mas não demasiado. Estávamos sentados numa mesa um bocadinho mais reservada das outras, assim podíamos estar mais à vontade... Notei o Pedro estranho, diferente, talvez nervoso? Não sei, mas a curiosidade e preocupação era bem grande. Conversa puxa conversa e veio-me um assunto à cabeça, algo que eu nunca lhe tinha contado e tinha receio da reação dele...
- Pedro, acho que está na altura de eu te contar uma coisa... - falei reticente.
- Sim, sou todo ouvidos... - disse segurando na minha mão.
Ele percebeu que era algo um pouco delicado, mas incentivou-me como só ele sabe.
- Lembraste de uma fã que te mandava bastantes fotos com mensagens? Uma rapariga que desenhava bastante... - comecei, com esperança que ele associasse rapidamente as coisas.
- Sim, eu tinha uma fã que desenhava muitíssimo bem, uma verdadeira artista, e era um doce, muito querida e simpática... Apesar de eu nunca ter estado com ela... - comentou.
- Como é que ela se chamava?
- Ela assinava sempre "Nenê", deduzo que se chame Inês, como tu... Ela já não dá sinais de vida à umas semaninhas valentes... - de repente parou o raciocínio e ficou muito sério a olhar para mim - Onde é que queres chegar com esta conversa?
- Pedro, não duvides o que eu sinto por ti... Isto nada tem haver com a nossa relação... Promete-me que não te esqueces que eu te amo! - pedi cheia de medo do que poderia acontecer...
- Inês, conta-me o que é que se passa... - suplicou.
- Eu conheço a Nenê e tu também...
- Como? Eu não acredito! Diz-me que tu não me escondeste isto... - pediu irritado.
- Eu posso explicar...
- Pequena, porque é que me escondeste isso? - perguntou perdido.
- Quando te vi entrar pela primeira vez no meu quarto de hospital, achei que me fosses reconhecer. Eu sei, sou uma idiota e como que fiquei magoada contigo por causa disso... O que sinto e senti ao estar contigo e conhecer-te melhor, nada tem haver com o facto de eu ser tua fã. Os rapazes pediram para eu te contar, mas eu não quis, queria que tudo acontecesse naturalmente, não por causa da Nenê. Eles não compreenderam muito bem a minha decisão, mas respeitaram-na e prometeram não se meter no assunto... E pronto, confesso que nunca mais me lembrei deste pequeno segredo que eu mantinha... - falei tudo sempre a olhar para as minhas mãos, que estavam no meu colo. E pequenas lágrimas teimosas rolaram pela minha face.
- Meu amor, não chores... Estou tão feliz que me tenhas contado isso... Sinceramente, é tão bom saber que tu és a minha Nenê, a minha fã... Juro-te, tu és o meu maior orgulho! Eu sem ti já não consigo viver... - confessou com um enorme sorriso no rosto.
- Não é boa esta sensação? - perguntei, também eu radiante.
- Qual?
- A sensação de já não termos grandes segredos entre nós...
- Pois, sim...
Resposta confiante? Não foi. Resposta que eu estava à espera? Também não. Algo se passava, talvez ele também tivesse um segredo... Espero que ele me conte, mesmo sem eu o pressionar.
Para sobremesa e para comemorar a nossa felicidade, comemos juntinhos um doce. Mentalmente pensei "Um dia não são dias", mas a minha deusa interior estava sentada numa cadeira com um tablet na mão, a olhar-me por cima dos óculos com um olhar de escárnio, tal e qual como um psicólogo e isso fez-me sentir um pouco mal comigo própria.
Notei que o Pedro não deixou passar em branco o nosso jantar nas redes sociais...

@pedrorebocho23: Jantar fora com o meu amor <3
Porque nós também merecemos uma noite só nossa e com direito a tudo...

Saímos do elevador do prédio dele agarradinhos. Ele mandou-me esperar um pouco à porta, enquanto ele ia lá dentro fazer algo... Uns dois minutos depois, eu entro às escuras à procura dele e deparo-me com uma surpresa inacreditável de alguém que se intitula por "Senhor Eu Não Sei Ser Romântico"...



Oi, pessoas! Aqui fica mais um capítulo.
Espero que gostem e que comentem :)
Beijinhos,
Rita Bonito

2 comentários:

  1. Olá!

    Que saudades que eu já tinha de caps teus. Que amores, estão cada vez mais apaixonados e viciados um no outro, me gusta *-*
    E esta dos segredos, hmhm, algo me diz que o Pedro não está assim tão confortável. Esperemos para ver.

    Quero muito o próximo, beijinhos.

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  2. Olá, então eu gosto muito, adorei até e acho que o Pedro também vai abordar um assunto qualquer e por isso é que ele já estava nervoso antes e agora continua meio estranho.
    Bem lamento, mas ando cansada e super ocupada, não consigo pensar em nada melhor que isto pra comentar, mas continua, espero pelo próximo.

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