domingo, 31 de janeiro de 2016

MORE THAN THIS (part 1)


Hello Hello! O meu nome é Gabriela (mas os meus amigos chamam-me Gabs, Gabby, Bi, Bibi…), sou muito louca e sou fotógrafa e modelo fotográfica. Eu sei o quão confusão pode parecer eu tanto tirar fotos, como ser o alvo dessas mesmas fotos, mas a justificação é bem simples: eu fiz curso de fotografia e, já era fotógrafa profissional, quando me desafiaram para pousar também para algumas marcas, o que para mim inicialmente não passou de uma brincadeira e um pequeno desafio. Para ser sincera, eu prefiro muito mais a minha primeira e verdadeira profissão, que é aquela que eu pratico mais e me dedico a 1000%. Por outro lado, como tenho muitas tatuagens espalhadas pelo corpo (pequena curiosidade: eu sou tão viciada e apaixonada por tatuagens que eu própria já aprendi a trabalhar com as agulhas e até já tatuei amigos, familiares e a minha pessoa), algumas marcas têm tendência a recusarem-me enquanto modelo, não querem um “rabisco humano” (um “mau exemplo”, preconceituosos puros, porque as tatuagens não definem desse modo uma pessoa) a representá-los, enquanto, como fotógrafa, esse problema já não se coloca. Não trocaria a fotografia por nenhuma outra profissão, adoro apanhar as pessoas desprevenidas, apanhar o verdadeiro lado delas e o sorriso sincero… A fotografia, para mim, é uma tentativa de parar o tempo, de manter mais presente determinadas recordações, determinadas pessoas, determinados momentos importantes… Portanto, se eu tiver uma máquina na mão, eu entro numa outra dimensão, numa realidade paralela, desligo do que realmente o que está a acontecer e foco a minha atenção apenas nas várias perspetivas possíveis à procura da melhor. Além disso, como sou demasiado perfecionista, eu não consigo parar até achar aquela foto perfeita, aquele ângulo fantástico e talvez seja isso que faça com que eu até tenha bastante trabalho.

Focando no agora: acabo de sair do Brasil, onde fiz imensas fotos para várias marcas fantásticas… Adoro tanto o Brasil, sinto-me sempre bem naquele ambiente de alegria e animação constante, tornou-se um pequeno refúgio, como que uma casa para mim, onde já fiz imensas amizades preciosas para mim. Adoro todo aquele ambiente de farra, dança e loucura! Mas, não dispersando muito (eu tenho o pequeno problema de dispersar muito nos assuntos, sorry!) e tentando retomar ao que interessa, estou, neste momento, no avião de regresso ao meu lindo e amado país, que já não visitava há uns longos meses e morro de saudades… Eu realmente só quero ver o meu afilhadinho lindo, que cada vez está maior e mais esperto, o meu pequeno Gugu. Decidi tirar uma foto rápida e partilhar no instagram (meu víciozinho bom e, como tal, tenho que ir sempre atualizando):

A contar as horas para ver o meu baby <3

         Como eu sabia que a viagem iria ser muito longa e, que se eu não me entretece, seria muito chata, passei o tempo a ler um bom livro de romance (um dos 5 livros que fazem parte de uma saga que amo de coração e que um deles é sempre o escolhido da viagem, o meu top de livros que não falha nunca) e a ouvir música, rezando para chegar o mais rápido possível ao meu destino e sem demasiada turbulência. Mal o avião aterrou no aeroporto, não quis perder mais tempo, tentei correr ao máximo para agarrar as minhas malas e procurar a minha desejada boleia… Eu parecia uma barata tonta a olhar para todos os lados no local que tinha combinado, até ouvir uma pequena e doce voz gritar:

         - Dindinha!

         Automaticamente rodei a minha cabeça de forma a ver o moreninho mais lindo do mundo a correr na minha direção e eu só tive tempo de abrir os braços e me abaixar para o agarrar com a maior força possível (maior força sem machucar, como é lógico), para ele não fugir de mim. Rodei com ele no ar, dei-lhe tantos beijinhos amorosos no rosto, ao que ele só gargalhava alto e me abraçava forte na zona do pescoço. Meu Deus, como ele tinha crescido, desde a última vez! Ele, como criança saudável que é, crescia a olhos vistos e eu não o quero largar nunca mais…

         - Amo-te tanto, meu bebé! Que saudades que eu tinha, amor da minha vida… - Murmurei entre inúmeros beijos e mordidelas naquelas bochechas gostosas. Escusado será dizer que eu já estava com a cara completamente lavada em lágrimas… O meu amor por aquele ser pequenino é tão grande, que o passar tanto tempo longe dele mata-me profundamente por dentro. Eu perdia imenso no crescimento do meu menino com as minhas temporadas todas no estrangeiro e isso era o pior de tudo, aquilo que mais me magoava quando pensava no assunto… Por muito que eu amasse o meu trabalho e viajar, o estar longe do meu afilhado, era uma questão que fazia sempre o meu coração sangrar… Apesar de ele sempre ter um à-vontade incrível comigo como se convivêssemos diariamente, as nossas longas videochamadas Skype, trocas de snaps, de fotos e vídeos nunca eram o suficiente, nunca substituiriam o contacto físico, o estar com ele juntinho a mim como agora.

         - Dindinha, já xega! – Reclamou rindo.

         - Sempre o mesmo resmungão, eu não tenho culpa de tu seres tão fofinho, meu gostoso! – Exclamei, fazendo umas cócegas na barriguinha de bebé. Era sempre assim, ele sempre reclamava dos meus ataques de amor por ele, desde bebé ele nunca foi grande apreciador destes ataques de doçura… Todavia, eu era a única pessoa que ele não fugia nesses momentos, reclamava mas mantinha-se agarradinho a mim.

         - Olá, Gabs! Tudo bem? Não me digas que deixaste a educação que os teus pais te deram lá no Brasil? – Ouvi um homem reclamar atrás de mim com muita ironia, o que me levou a parar o que estava a fazer.

         - Tu adoras implicar comigo, cruzes credo! Será possível que não podes amar-me um bocadinho menos, por favor? É que vamos ser sinceros, tanto amor pela minha pessoa também sufoca… Eu sei que és meu fã número um, não precisas de estar sempre em cima de mim, não é?- Bufei para fazer aquele drama clássico, típico da minha pessoa. - Mas até de ti eu já tinha saudades, seu implicante… - Comentei ao Sílvio (pai do Gugu), abraçando-o de lado com o braço que tinha livre.

         - E eu tuas, modelete! Eu sou muito fã teu, tu sabes que sim. Agora está na hora de nos pormos a caminho, que nós estávamos num churrasco com os meus amigos e só saímos por tua causa… - E, dito isto, pegou nas minhas malas e seguimos caminho para o carro dele. Ao ouvir aquela confissão, eu só tive tempo de colocar-lhe a mão sobre o braço e sussurrar bem baixinho, o suficiente para ele ouvir:

         - Desculpa, vocês não me tinham dito nada disso, eu não vos queria incomodar de modo algum… Eu podia muito bem ter apanhado um táxi, ou autocarro, ou até pedia a algum amigo para me vir buscar. Eu odeio estar a incomodar-vos! – Eu odiava quando atrapalhava a vida dos outros com as minhas rotinas e viagens, odiava incomodar os outros, principalmente aqueles que mais amo...

         - Achas que eu conseguia permitir que o meu filho e tu estivessem mais tempo afastados? Eu sei que vocês geram muito mal toda esta questão da distância, ele pode ser uma criança, mas também sofre tanto como tu com isso… Além disso, não me custa nada vir-te buscar e tu já conheces grande parte dos meus amigos, vais sentir-te logo à vontade! Gabriela, escuta-me bem que eu não quero repetir isto sempre: tu és parte da família da Marta, és parte da vida do Gustavo, logo és da minha família também, és como uma irmãzinha mais nova para mim e tu sabes tão bem disso… Portanto, nunca digas que nos incomodas! Até me sinto mal ao saber que tu pensas assim, nós amamos tanto ter-te por perto, boneca… - Aquele discurso todo foi o suficiente para eu recomeçar a chorar (já que tinha chorado horrores mal vi o Gugu), eu sou uma autêntica manteiga derretida… Eu amava incondicionalmente a minha família e, quando foi o casamento da Marta com o Sílvio, tive receio que não me considerassem parte da família conjunta, que eu fosse somente um membro da família da Marta. Tudo o que estava relacionado a família era assunto delicado e sério para mim e todos sabiam disso, era impossível não se aperceberem... Recebi um abraço muito forte dele e um beijo no topo da cabeça, o que era o suficiente para me acalmar por agora, me fazer esquecer qualquer problema…

         Eu não sabia onde seria o dito churrasco e nem reparei um bocadinho que fosse do caminho que percorremos. O Sílvio é que era o motorista e ele sabia o caminho, por isso, decidi gastar o tempo todo de volta do meu bebé: ouvi-lo contar todas as novidades da escolinha, as historinhas dos seus amiguinhos e de todos os factos do dia-a-dia dele. Mas, com o carro estacionado, eu olhei para aquele que, pelos vistos, era o nosso destino e reconheci automaticamente como sendo a casa do Luisão, sentindo um alívio e uma paz interior preencherem-me. Eu estaria num local familiar, onde eu poderia ser eu própria, sem preocupações inúteis, sem regras de etiqueta especiais, apenas ser eu... Entrando naquela casa vejo bastante gente conhecida, quer dos jogos do Benfica que eu acompanhava sempre, quer de convívios anteriores e sorri. Aqueles que eu não conhecia de todo, deduzi serem familiares de jogadores recentes na equipa… O Gustavo mal entrou, correu como um doido na direção de um cantinho cheio de brinquedos, insufláveis, pinturas e crianças entretidas, o que me deixou orgulhosa vê-lo tão integrado e saudável, vê-lo ser uma criança normal. O meu sorriso só aumentou ao ouvir a voz da minha prima a gritar:

         - Gustavo, filho, tem cuidado para não te magoares! – Após desempenhar o papel dela de mãe (para que consta ela executa na perfeição o seu papel), vem ter comigo e abraça-me tão apertado que quase me levanta do chão – Que saudades, minha pequena!

         - Que mania de me chamarem pequena, a sério… Até parece que eu sou muito mais baixa que tu, sua chata! Acreditas que eu até estava a morrer de saudades de me chamares pequena? Até disso, como é que é possível? - Resmunguei na brincadeira, só mesmo para dar uma de refilona (eu sou assim, não gostam temos pena!).

         Acabei por cumprimentar só aqueles que eu conhecia melhor e o resto saudei com um alegre aceno bem rápido e meio distante… O cheiro a carne a grelhar, o facto de não comer há muito tempo e de me sentir mais leve, levaram os meus pés a rumarem rapidamente para perto do churrasco e conviver com as pessoas que por ali estavam. Eu comi muito, levando a gozarem comigo. É sempre assim, o meu maior defeito talvez passe pela minha boca, provavelmente é o facto de eu sentir tanto prazer a comer e, se não fosse as longas horas de ginásio e exercício, eu já rebolaria (seria uma bola de Berlim humana, muito doce e gorda).

Eu tenho a plena consciência que sou uma mulher feita e crescida e que devia dar um ótimo exemplo para as crianças, mas perto delas eu não resisto e porto-me igual ou pior que elas, por isso, é que elas costumam adorar-me. Andei a brincar às bonecas, às escondidas, ao apanha, ao jogo da corda, à bola, aos carrinhos e de tudo um pouco… até os homens decidirem jogar futebol (o que é meio ridículo, visto a profissão deles já ser isso, mas pronto, são umas autênticas crianças em tamanho grande e já não havia solução para esse facto). Eu amo futebol (eu amo desporto no geral, mas particularmente futebol, basquetebol e voleibol), então decidi sentar-me num cantinho com algumas crianças e mulheres a observar e a gritar, quer dizer, a gozar com aqueles jogadores que me dava bem, do tipo:

- Oh Sílvio, até o pequeno Gugu corria mais que tu… estás mais gordo ou mais preguiçoso? Luisão, a tua cabeçorra está maior desde a última vez que te vi? Só não mates ninguém à cabeçada, tudo na paz, certo capitão? Gaitán, faz um truque de magia para mim, por favor! Tu sabes que adoro a tua magia…

Todos se riam do que eu dizia, principalmente as mulheres que assistiam e os jogadores não envolvidos nas minhas bocas, mas a minha implicância com o Sílvio era a maior de todas (como é óbvio, é o jogador que eu tenho uma relação mais próxima, meu irmão mais velho emprestado) e ele respondia às minhas picardias… Até que ele falhou um remate e farto de ouvir a minha voz sempre a buzinar para ele, virou-se para mim:

- Oh, sua grande preguiçosa, se é assim tão fácil, porque é que não jogas um pouco connosco? Tens medo ou não aguentas?

- Tudo bem, fofinho, eu alinho… - Comentei, levantando-me. – Eu fico em que equipa?

- En el equipo sin camiseta? – Questionou o Lisandro Lopez com sorriso maroto e levantando as sobrancelhas, o que me levou a gargalhar muito alto e piscar o olho discretamente. Há pessoas que não têm solução, mas eu acho essencial um pouco de sacanagem na minha vida.

- Nem pensar! Pipipi parou! Não te ponhas com ideias dessas, Licha, por favor, ela era bem capaz de alinhar… - Reclamou um Sílvio mal-humorado, o que era totalmente verdade... Eu não era propriamente uma menina envergonhada e, como o meu trabalho passava um pouco por expor o meu corpo, eu não tinha complexos alguns em estar com menos roupa à frente de outros (atenção, menos roupa, eu nunca pousei nua, nem quero!). Não é que, neste caso específico, houvesse grande problema, visto que eu tinha vestido um biquíni por baixo da minha camisola, porque podia-me apetecer ir à piscina, mas não ia discutir desnecessariamente com o Sílvio (ele para mim era como o irmão mais velho que nunca tive, até ciúmes desse tipo ele tinha, o que era fofo quando devidamente controlado).

O jogo continuou, desta vez comigo a jogar, e eu ainda mal tinha tocado na bola. Eu não gostava de ficar ali apenas a ocupar espaço, para isso tinha ficado sentadinha. Jogar com rapazes nisso era terrível: eles ou te tratavam como uma flor delicada e muito frágil ou mal te deixavam jogar e, no final, o resultado era praticamente o mesmo, raramente tocas na bola! A minha tática para estes jogos era sempre a mesma: tentar tirar a bola dos adversários, para poder jogar um pouco e isso irritava alguns deles. Eu não passava de uma simples rapariga a roubar a bola a um jogador profissional (e todos sabemos o quão sensíveis os rapazes são nesse tipo de situações). Num desses roubos de bola, consegui ficar com a baliza há minha frente praticamente vazia, só com o guarda-redes e um jogador, que eu só conhecia de ver na televisão. Nesse momento, senti aquela adrenalina fantástica a correr pelas minhas veias, rematei e fiz golo, bem na cara desse dito jogador. Ao olhar bem no rosto dele, vi que ele não gostou nada do que eu fiz, deixei-o irritado e eu fiquei ainda mais radiante… Eu estava a jogar muito e não parava quieta, eu treinava muito regularmente para manter o meu corpo em forma e havia duas qualidades que desenvolvi especialmente: a agilidade e a velocidade. Num lance em que a bola estava a passar perto de mim, intercetei-a e segui caminho para a baliza, já tinha fintado uns 2 jogadores adversários, quando sinto uma rasteira acompanhada de uma dor aguda no meu pé direito e uma consequente queda da minha parte. Todos pararam de jogar e eu fiquei agarrada ao meu pobre tornozelo…

Uma grande agitação gerou-se há minha volta e eu tentava não gemer alto com dores (não havia com o que preocupar, certo? Foi só uma lesãozinha e eu não daria parte fraca em circunstância alguma). Senti uns braços agarrarem-me ao colo e transportarem-me até um sofá. Essa mesma pessoa colocou um saco de gelo com muito cuidado no local da pancada e ficou a tratar do meu pé. Ainda não tinha reparado quem era a pessoa e quando fui a ver quem era, para agradecer, surpreendi-me ao ver que era ele, o dito jogador que ficou irritadinho com o meu golo e deduzi ter sido o autor da minha lesão.

- Obrigada, mas eu sei tratar de mim! – Afirmei com voz fria, não gostei nada daquela situação e não ia disfarçá-lo, não havia motivo para o fazer.

- Gabs, deixe o Pedro ajudar você… - Comentou o Luisão, o que só me irritou ainda mais... Quer dizer, o menino reage como adolescente e vinga-se do meu golo magoando-me propositadamente e eu ainda tenho de agradecer? Por favor, poupem-me e não sejam ridículos! Eu só quero distância e paz, para poder recuperar do meu pé…

         A minha resposta foi só um olhar irritado e de desprezo, ao que a mensagem foi recebida na perfeição, pois o capitão do Benfica começou a afastar-se levando todos os outros com ele, exceto o jogadorzeco. Quando ia para pegar no gelo da mão dele para tratar sozinha do meu pé e reclamar algo, percebi que ele já tinha atado o gelo direitinho, de forma a não me queimar o pé e eu não ter de ficar a segurá-lo feito croma. Deste modo, eu poderia estar a descansar e não ter que estar preocupada em fazer algo com o meu pé. Ao ver todo aquele cuidado com a minha pessoa, acalmei os meus ânimos o máximo que consegui e decidi olhar finalmente no rosto dele, surpreendendo-me ao vê-lo focado em mim.

         - Desculpa, eu não te queria magoar… Deixei-me levar pelas sensações, esqueci-me das consequências que podia trazer e tu levaste por tabela. Eu juro que não sei o que me deu… Desculpa! Isto foi um terrível começo, eu sou o Pedro Rebocho… - Falou calmamente e com voz rouca, olhando sempre nos meus olhos. Aquilo derreteu-me toda, ele estava a ser sincero e aquela voz… que voz quente, uma voz perfeita na cama (já não bastava o corpinho jeitos e, o fantástico sorriso malandro no rosto, ainda tinha aquela voz? Meu Deus, e porque é que ele tinha de estar à minha frente sem camisola? Está muito calor hoje ou sou só eu que acho?).

         - Não foi nada, estas coisas acontecem quando se joga com profissionais, vocês não estão habituados a brincar e jogar com mais calma… Não te preocupes, com o gelo tudo passa, felizmente! - Murmurei sorrindo, mostrando que estava tudo tranquilo e bem comigo.

         - Desculpa a minha atitude, por favor – Suplicou baixinho (ele que não continue assim, porque eu não aguento, sinto até uma gota de suor a escorrer pela minha nuca).

         - Estás desculpado, sim, descansa! Ah, e eu sou a Gabriela, muito gosto em conhecer-te! Mas podes me chamar apenas Gabs ou Gabi ou o que preferires… – Afirmei sorrindo e piscando o olho.

         Um silêncio formou-se entre nós, mas os nossos olhares não se separaram um único segundo. Bem no fundo daqueles olhos castanhos, eu vi uma chama acesa e percebi que ele se sentia tão atraído e enfeitiçado por mim, como eu por ele. Sentia a mão dele no meu pé, a massajar-mo leve e firmemente e isso fez-me gemer baixinho de dor, devido à pancada, e de prazer, pelo contacto da pele dele na minha e da suavidade com que ele me tocava (que homem é este? Eu sempre me controlei tão bem à frente dos rapazes, porque é que ele me desorienta tão fácil e completamente? Santa Desgraça, o que estás a fazer com a minha vida e a minha cabeça? Não podia ser um daqueles gordos, com mau hálito e que não sabem o que fazer com uma mulher?).

         - Por favor, não gemas assim, linda, vais-me deixar louco… Eu preciso de por o teu pé bom! – Sussurrou com a voz tão baixa e rouca, que mal o ouvi, e isso deixou-me ainda mais animada (sinto-me ridícula, uma adolescente com as hormonas aos saltos que suspira por todos os lados e com tudo).

         - Eu não tenho culpa se tu me fazes gemer assim… - Gesticulei com os lábios, sem soltar som, quando ele olhou para mim e, como resposta, ele apertou ligeiramente o peito do meu pé e respirou bem fundo.

         Eu sentia uma forte tensão sexual entre nós, uma grande atração, que só foi ligeiramente afetada com a chegada do meu bebé, que estava preocupado com a madrinha dele e me veio mimar muito (odeio dizer isto, mas o Gugu bem podia ter escolhido outra altura para aparecer, não? Desculpa, bebé, eu adoro-te, mas a Dindinha estava a pensar em coisas que tu só daqui a uns bons anos podes imaginar). Acabei por passar um bom tempo a tirar fotos e a brincar com o meu afilhado, tentando matar mais um pouco das imensas saudades que tinha daquela coisa fofinha e gostosa, mas o Pedro nunca saiu de perto de nós, sempre a observar-nos e a rir das nossas cenas. Entre brincadeiras, o Gugu adormeceu no meu colo e eu decidi publicar uma das fotos, que eu tinha tirado nossa, no meu adorado vício:

Love of my life <3

         A Marta ao vê-lo a dormir profundamente, decidiu levá-lo para um quarto da casa, para ver se ele descansava melhor e dormia calmamente a sestinha dele sem interrupções, era algo que ele estava habituado na creche e em casa. E, novamente, eu e o Pedro ficamos sozinhos…

         - Como é que estás? – Questionou baixinho (excitada como se já não tivesse sexo à anos, e tu? Gabriela, focus, não podes dizer tudo o que passa na tua cabeça tarada).

         - Estou como nova! – Respondi muito alegre enquanto rodava o meu pé, eu já não sentia nenhumas dores e isso era fantástico, graças ao cuidado todo dele. Então, de forma sincera agradeci – Obrigada!

         - Obrigada?! A sério? Eu podia-te ter magoado imenso, Gabriela, e tu agradeces-me?! Tens a certeza que te sentes bem? Tens a certeza que é isso que queres dizer-me? – Falou incrédulo, de forma revoltada e chateada, e eu percebi o que realmente se passava: ele estava irritado com ele próprio por me ter aleijado. Mesmo eu tendo desculpado totalmente a atitude dele e lhe dito isso mesmo, ele ainda não se tinha perdoado pela sua atitude… e eu não percebi o porquê, para mim aquilo era estranho e sem lógica de ser. Reparei que me mexia novamente no pé e estava atento há minha expressão, devia ser para tirar a prova dos 9 e ver se eu estava realmente bem ou se omitia dor.

         Eu, sem raciocinar bem e agindo unicamente por impulso, tirei o meu pé das mãos dele, com ele ainda tentando puxar de volta. Mudei de posição, sentei-me bem no seu colo e tapei-lhe a boca para não o deixar reclamar, nem dizer nada, ele tinha de ouvir aquilo que eu lhe queria dizer...

         - Pedro, olha para mim… Olha bem nos meus olhos… - Pedi ao vê-lo tentar fugir com o olhar do meu e engolir em seco. Para me ajustar melhor no seu colo, eu rodeei as minhas pernas com força em torno do tronco dele e ele sentia-se desconfortável com a nossa posição, havia demasiada proximidade e isso eu compreendia (eu senti o mesmo, o que queria realmente fazer com ele naquela posição nunca o poderia fazer em público, mas tinha de me concentrar para fazer aquilo que devia). – Eu estou bem, graças a TI, estás a ouvir? Se não fosse o cuidado todo e atenção que tiveste comigo, ainda estaria com o pé inchado e com imensas dores. No desporto é normal haver lesões, tu sabes disso tão bem ou melhor que eu, e eu tinha perfeita noção disso mesmo quando aceitei jogar com vocês… Portanto, não te martirizes mais com esta situação, não há motivo para o fazeres! E sim, eu agradeço-te imenso pelo que fizeste por mim! – Falei convicta, afagando-lhe o rosto e beijando a ponta do seu nariz. Olhei intensamente para a ligeira barba dele e acariciei docemente, sentindo-me calma e feliz…

         - Gabriela, independentemente do que possas dizer, eu não me vou perdoar por te ter magoado em momento algum, muito menos perante uma situação ridícula como aquela… Não me perguntes o porquê disso, mas eu sinto uma necessidade louca de te ver bem e feliz e eu só contribui para o contrário ao te magoar, tenta compreender-me! Não sei como, porque nem eu percebo bem… – Respondeu, puxando-me mais para ele, como se me protegesse de algo, não havendo nada que o levasse a me proteger, mostrando-me bem que não me conseguiria largar mesmo que quisesse e eu amava aquela sensação de conforto e proteção.

         - Eu percebo o que queres dizer, acredito… Como que de uma forma completamente inexplicável, só me queres perto de ti, não é? Meu Deus, eu estou a sentir-me assim, o que é que tu tens que me faz sentir assim tão atraída por ti, jogador? – Questionei suspirando e dando-lhe um pequeno e suave beijo no pescoço, sentindo a pele dele tremer toda e ele suster a respiração com força ao meu toque… Era tão bom saber que eu também o afetava e não era somente eu a sentir tudo aquilo.

         - Não faças isso, por favor, coisa boa, não sei quanto mais tempo vou conseguir controlar-me… Tu estás a deixar-me louco de vontade de te levar para um quarto e fazer coisas que não seria delicado da minha parte descrever a uma mulher… Eu nunca me senti assim com ninguém, nunca! Eu sempre consigo ser racional e controlado neste tipo de coisas, exceto contigo… Enfeitiçaste-me por completo, eu já não sei que faça! – Afirmou com o olhar preso no teto, como se pedisse ajuda a Deus e isso levou-me a gargalhar. Se ele queria tanto assim, está na hora soltar um bocadinho do meu lado mais atrevido.

         - Seria interessante conhecer um quarto da casa do grande Luisão, não achas? Infelizmente, ainda não tive o prazer de conhecer nenhum… Queres mostrar-me um deles? – Sussurrei-lhe ao ouvido, mordendo ao de leve o lóbulo da sua orelha. O ambiente entre nós tinha aquecido perigosamente e alguém teria que interrompe-lo como é óbvio…
 
 
 
HELLOOO!!! Aqui trago uma nova fic (uma mini historinha), haverá mais algumas partes (não sei quantas ao certo, vamos ver como corre)...
Espero que gostem e deixem a vossa opinião por favor!
Beijinhos,
Rita B.

4 comentários:

  1. Gabi e Rebocho *.*

    quero maisssss!!!!!
    quero saber se vão explorar os quartos ou não :p

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  2. Querooo maaais, sói brasileira e tive um pouco de dificuldade pra entder sua história, mais quando consegui me apaixonei, posta?
    Indica:http://foiemvocequeencontreipaznjr.blogspot.com.br/

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  3. Oiii,tudo bem? Queria saber ser vc conhecer a dona do blog http://www.gilmeuamor.blogspot.com.br ? E ser sim vc poderia me dizer se ela vai voltar a postar? Bjss

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  4. AMEIII, QUERO LOGO , MAIS MUITO MAIS. (RECOMECARNJR.BLOGSPOT.COM)

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