terça-feira, 19 de maio de 2015

CAPÍTULO 16 - "LOVE IS A FUNNY THING..."


No capítulo anterior:

Saímos do elevador do prédio dele agarradinhos. Ele mandou-me esperar um pouco à porta, enquanto ele ia lá dentro fazer algo... Uns dois minutos depois, eu entro às escuras à procura dele e deparo-me com uma surpresa inacreditável de alguém que se intitula por "Senhor Eu Não Sei Ser Romântico"...

 

            Eu estava simples e absolutamente espantada. Eu sabia que ele era um namorado romântico e dedicado, apesar de não o admitir. Pelo menos, ele era assim comigo… Mas eu não estava nada à espera de encontrar um cenário daqueles. Adoro surpresas e esta superou qualquer possível espectativa que eu tivesse…

            - Oh meu Deus, estou à procura do meu namorado “Eu não sou nada romântico”, sabe onde é que ele está? – Perguntei-lhe na brincadeira.

            Ele riu-se, mas continuava nervoso. Chegou mais perto de mim, agarrou as minhas duas mãos, acariciando os meus dedos com os seus, fixou o olhar em mim, hipnotizando-me e sorriu. SOS! Eu vou ter um AVC… Este homem é um pecado!

            - Gostaste, pequenina? Eu não sei como ser um namorado romântico, um namorado como tu mereces, apenas tentei fazer algo que tu gostasses… Como é que eu me saí? - Falou envergonhado, baixando outra vez os olhos para as nossas mãos.

            - Acredita, eu amei! – Gritei abraçando-o com força. – Obrigada, grandalhão! És a melhor coisa que já me aconteceu, és tudo para mim… Sem ti, a vida já não faz sentido… And I love you so much, prince! – Sussurrei emocionada ao ouvido dele.

            Ele pegou em mim ao colo e começou a rodopiar pelo quarto, gargalhei com aquela demonstração de felicidade pela parte dele. Eu percebi que ele tinha relaxado completamente, agora sim eu tinha o meu namorado de volta, afinal ele estava preocupado com a minha reação. Será que eu sou assim tão exigente? Será que eu sou assim tão má? Ou assustadora? Será que eu sou assim tão chata? Será que eu lhe peço demasiado? Nesse momento, vislumbrei a minha deusa interior com uma cara irónica e um cartaz na mão a dizer “You’re crazy? He loves you! PS: Don’t be silly, have fun!”. Tentei esquecer um pouco esse assunto, mesmo que estivesse preocupada com a hipótese de eu não ser aquilo que ele esperava, que ele queria… No fim de contas, acabei por seguir o conselho dela e ignorei tudo, exceto os sentimentos do momento, só pensei em como estávamos bem agora.

            - Amor, posso tirar uma foto da surpresa? – Perguntei com o meu sorriso mais doce do tipo “não podes dizer que não”.

            - Tudo bem, meu anjo – Murmurou com um grande sorriso.

            Ajustei tudo numa posição que me pareceu perfeita. As pequenas pétalas vermelhas no chão não foram mexidas, dando o aspeto de terem sido colocadas de modo a aleatório, mas de uma forma que sobressaía a mensagem transmitida pelas velinhas brancas e a mensagem era um somente e verdadeiro “I love you”. O ramo perfeito mantinha-se nas mãos do Pedro, era um ramo cheio de rosas vermelhas e uma solitária rosa branca (segundo a explicação dada por ele, a rosa branca, criando um claro contraste no meio de todas as outras rosas encarnadas do ramo, simbolizava o como eu me destacava no meio de todas as outras mulheres, como eu era única e especial, por outro lado, demonstrava que eu era aquela que ele nunca tiraria os olhos de cima, por mais bonito que fosse o que me rodeasse, eu seria sempre o mais importante, o centro do mundo dele)… Subi para cima de um pequeno banco que por ali andava e fotografei a melhor perspetiva que consegui daquela perfeição. Naquele momento, eu sentia-me a mulher mais amada neste mundo e isso era demasiada emoção para o meu pobre coração. Como previsível, eu não resisti e publiquei nas redes sociais, tendo algum cuidado para não mostrar o rosto do Pedro, não por agora…

 


@inescorreia: Eu tenho o melhor namorado do mundo…

Beijinho no ombro para todas as invejosas…

I love you so much, prince! <3

           

            Assim que acabei de publicar, resolvi agradecer-lhe à minha maneira, com muito amor e carinho. Atirei-me para o colo dele e beijei a boca dele como se a minha vida dependesse disso. As minhas mãos foram parar ao interior da camisola dele, adorando o corpo dele, ele era uma dádiva que Deus me deu… Porquê? Isso eu não sei, não mereço tamanha honra, mas tento agradecer todos os dias por isso… Aproveitei e dei uso às minhas unhas, deixando pequeninos arranhões ao de leve nos abdominais dele. Gemidos foram libertados pela boca do meu homem e eu queria ouvir esses sons inúmeras vezes. Portanto, fiz de tudo para o provocar a noite toda, sem parar…

 

            Já com os corpos desprovidos de energias, ficamos deitados na cama, eu com a minha cabeça no peito dele, sobre o coração. Adorava sentir que o coração dele estava ao mesmo ritmo que o meu, ainda confirmava mais a nossa ligação espetacular, era como se fossemos um só…

- Pequenina… - Chamou-me, ao que obteve apenas um grunhido como resposta. – Ainda estás acordada? – Perguntou, dando um beijo suave no topo da minha cabeça.

            - Tu sabes que sim, amor… - Respondi devagar e arrastando as palavras.

            - Mas não por muito tempo, estou a ver… - Comentou rindo.

            Claramente que aquele comentário foi proferido com o seu tom de voz de típico macho satisfeito, de macho que conseguiu deixar uma mulher completamente estoirada. O orgulho masculino dele estava no topo, isso notava-se pela voz dele e dava-me sempre vontade de rir… A verdade é que eu não podia reclamar com ele, porque ele tinha razão em estar feliz, depois daquelas longas horas passadas naquele quarto…

Por outro lado, as gargalhadas do Pedro eram dos meus sons preferidos, era música para os meus ouvidos e sentir o peito dele a vibrar com o ritmo do riso dele era fantástico. Mesmo que até fosse uma pessoa naturalmente sorridente, as gargalhadas verdadeiras não são assim tão comuns nele e eu amava saber que, sem grandes esforços, conseguia fazê-lo assim tão feliz… A sensação de paz invadiu o meu ser, eu estava realmente satisfeita ao vê-lo tão alegre e relaxado.

- Peço imensa desculpa se o meu namorado é um tarado e eu tenho dificuldade em aguentar a pedalada dele… - Resmunguei na brincadeira.

- Pequena, não entremos por aí, por favor… Eu queria dizer-te uma coisa… - Falou sério, o que me fez olhar para ele. – Obrigada por este mês que passamos como namorados! Não poderia pedir melhor…

Juro que fiquei de boca aberta a olhar para ele, não esperava que ele fosse pessoa de dar importância às datas… E então fez-se luz na minha cabeça, a nossa noite tinha sido a comemoração pelo nosso primeiro mês juntos… Realmente, nada romântico este jovem.

- Fogo, se eu não estivesse tão cansada, ias ver o quão feliz me deixaste… - Murmurei baixinho.

- E eu é que sou o tarado? – Pergunto rindo muito alto.

- Não tenho culpa, se tu és perfeito e me deixas doida… Meu amor, este foi o melhor mês da minha vida, que venham muitos mais junto de ti, Amo-te demasiado para sequer pensar em perder-te… És tudo para mim! A melhor coisa que aconteceu na minha vida, tu sabes…

Entre beijos, mimos e promessas para um futuro juntos, adormecemos agarradinhos, completamente “in love” um com o outro…

 

No dia seguinte, acordei com um belo de um pequeno-almoço na cama:

 



@pedrorebocho23: Pequeno-almoço na cama… Espero que ela goste.

1 Mês, pequenina, parece mentira… Amo-te! <3

     Sujamo-nos enquanto comíamos o meu pequeno-almoço cheio de brincadeiras… Tomamos um banho juntinhos, ao contrário do habitual, não houve “mãos bobas” nem tentativas dele de levar as coisas pra outro rumo… O Pedro estava pensativo e eu percebi que ele queria falar sobre algo, mas deixei-o estar. Quando ele quisesse, ele contaria… O problema era o meu coração ter que aguentar tanto suspense.

            Estava à procura duma camisola dele para vestir e ouço o Pedro a chamar-me, ele precisava de falar comigo… Tinha chegado a hora de saber o que se passava com o meu homem, ia matar a minha curiosidade.

            - Pequena, o que tenho para te contar é um assunto muito delicado para mim… Ontem, contaste um segredo que tinhas oculto de mim e achei que talvez esteja na hora de te contar também o meu maior segredo… Apenas uma mão cheia de pessoas sabem sobre isto…

            - Se não quiseres, não precisas de contar… Pedro, não quero que te sintas pressionado para me contar nada… Eu já percebi que é um assunto particularmente delicado para ti… - Comentei, não o querendo pressionar, por muito que a curiosidade me dominasse completamente. Em primeiro lugar, sempre estaria ele. – Eu estarei aqui, para quando te sentires pronto… - Murmurei segurando na mão dele e sorrindo.

            - Amo-te tanto! – Afirmou, comovido, dando-me um beijo na boca. Percebi que foi a forma dele de me agradecer por não o pressionar e, por outro lado, a forma dele ganhar coragem para continuar… - Eu passei uma fase complicada na minha adolescência, não era o melhor atleta da minha equipa, não era o melhor aluno e andava com uns problemas na escola com um grupo de rapazes.

            A forma como ele contava a história e olhava para mim, fez-me ter a certeza de quão aquela fase tinha sido dolorosa para ele. Por vezes, eu ia demonstrando o meu apoio e compreensão dando pequenos apertões na mão dele que estava junto da minha.

            - Eu gostava duma rapariga, morena, alta, linda… Ela era a típica menina popular, rica e parecida com uma modelo.

            - Ao que parece, as morenas sempre deram a volta à tua cabeça – comentei entre dentes, um pouco ciumenta. Pois, todos comentava, ma clara preferência dele por morenas, eu era a exceção.

            - A verdade é que a única rapariga a quem eu estou a dar a conhecer esta história e consome-me completamente é uma loirinha ciumenta – brincou, beijando a minha mão.

            Eu não resisti e gesticulei com os lábios um silencioso “Amo-te!”, enquanto esperava que ele continuasse.

            - Um dia, tentei a minha sorte e declarei-me à rapariga… A resposta dela foi arrogante ao ponto de me dizer que eu até era bonitinho, mas ela nunca teria nada sério comigo porque eu era o “gordinho”, ou seja, não era o tipo mais musculoso e com o porte mais musculoso. E, como cereja no topo do bolo, não era dos melhores jogadores da equipa de futebol… Ela só queria algo com “O” melhor, não se contentaria com menos…

            Naquele momento, senti um ódio enorme pela rapariga. Imaginei um pequeno Pedro Rebocho, rechonchudinho, com aquela carinha laroca, aquele olhar abrasador e tão amoroso. Como é que alguém poderia ter sido tão frio a falar com ele? A primeira grande “desilusão amorosa” do Pedro. Percebi que possivelmente ele tinha criado um complexo com o seu corpo e com o facto de poder não ser bom o suficiente que existia dentro dele ainda na atualidade, justificando assim várias atitudes dele…

            Ao observar as suas expressões corporais, percebi que ele ainda sentia uma raiva forte por tudo o que teve de passar e uma enorme revolta interior… A mão que estava solta, mantinha-se fechada em punho com tanta força que eu via os nós dos seus dedos brancos. E eu senti que o pior estaria por vir…

            - A minha sorte foi ela não espalhar isso por todos… Mas, dentro de mim, cresceu um ódio pelo meu corpo e por mim, de forma geral. Então, tentei procurar uma forma rápida e eficaz de combater o meu corpo gordo, o que me surgiu como melhor hipótese foram os esteroides. – Falou com algum receio na voz.

            A minha deusa interior bloqueou de tal forma, que acabou por embater num móvel enquanto andava. A minha alma estava em choque e a pena que senti por ele só aumentava, quanto a pobre criança, que eu imaginava o Pedro ser em pequeno, mais sofria…

            Não sabia como reagir, não sabia que fazer, mas queria saber mais pormenores. Portanto, deixei-o continuar a contar a sua história.

            - Tudo melhorou, eu tinha mais músculos, mais força, jogava melhor… O problema foi que eu não tomei qualquer tipo de esteroides, eu tomei clembuterol, uma das substâncias mais perigosas, muito usado por atletas e praticantes de musculação. A venda é ilegal, então eu procurei contactos e conseguia tudo por contrabando…

            - Como é que descobriram? – Perguntei quase sem voz, eu estava agoniada, preocupada.

            - Por consequência do clembuterol, a pressão arterial e a frequência cardíaca aumentaram e eu comecei a ter faltas de ar constantes e tremores. Um dia, num treino ao ter uma falta de ar muito grande, o meu treinador mandou-me para o hospital com um dos médicos do clube. Em análises e exames, detetaram o que eu andava a tomar… Logo tentaram arranjar solução, o meu caso estava a tornar-se grave e, mais cedo ou mais tarde, eu poderia entrar em coma e, quem sabe…

            Se eu já achava que ele tinha sofrido bastante, depois desta confissão fiquei sem chão. Nos olhos dele apareceram lágrimas e, consequentemente, nos meus também, eu era um reflexo dele… Eu acabava por sentir o mesmo que ele, eramos quase um.
 
 
            Como forma de demonstrar o meu amor e apoio incondicional, sentei-me ao colo dele e abracei-o com força, sussurrando:

            - Shhh… Eu estou aqui… Eu sempre estarei aqui… Amo-te incondicionalmente, Pedro Rebocho! Nunca te esqueças disso…

            Mantivemo-nos naquela posição longos minutos, o meu coração estava mirradinho e aflito perante tanto sofrimento.

            Mais calmo, mesmo sem ter necessidade disso, ele prosseguiu a contar aquela fase do seu passado, uma fase bastante conflituosa e dorida na vida do meu homem.

            - Os médicos e os meus pais decidiram começarem a fazer uma pequena reabilitação para mim e deixarem isto nos segredos deuses. Nenhum amigo meu soube disto, nenhum professor soube, nenhuma namorada… Só os meus pais e os médicos e agora tu também. – Disse baixinho sorrindo, tenuemente. – Espero que não decidas afastar-te de mim, ao saberes este podre meu…
 
 
 

 
Olá! Desculpem a demora em publicar, mas tem estado complicado de escrever e publicar.
Aqui vos deixo mais um capítulo.
Espero que gostem, fico à espera do vosso feedback...
Beijinhos,
Rita Bonito
 
PS: Não podia passar sem dizer isto... "OH O CAMPEÃO VOLTOU!"
 

2 comentários:

  1. Uau estou muito surpresa, não teria sido capaz de adivinhar que o Pedro tinha estado envolvido com esse tipo de problemas, tê-lo contado à Inês mostra como preza a relação e como pensar que ira/poderá ser algo que dure.
    Muito bem, adorei, espero pelo próximo.

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  2. Olá!

    Realmente nada romântico este Pedro, que surpresa boa a dele. Ele contar tudo á Inês?! Acho que é maravilhoso, e é o que falta para eles serem felizes a sério!

    Ps. "...o campeão voltou, o campeão voltou, o campeão voltou, ohhhh" :b

    Espero o próximo assim muito rápido, sim?

    Beijinhos.

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