“O
tempo passa demasiado depressa e as coisas vão melhores que nunca…” Esta era a frase com a qual eu
mais queria e desejava começar, todavia essa não é a realidade, essa não é a minha realidade… E eu não posso (nem
vou) ser hipócrita com vocês, portanto contarei a verdade, não aquilo que eu
gostava que fosse… A realidade não é sempre bonita, certo? Então porque hei-de
transformar a minha vida numa história de princesas com um “Feliz para sempre”?
Se o “para sempre” não existe, porque haveria de existir o “Feliz para
sempre”?!
Desculpem, estou a ser demasiado
confusa para todos vocês? Eu devia contar o qual é a minha “realidade atual” e
o que aconteceu para aqui chegar, então é isso que farei! Eu vou tentar contar
de forma resumida a história desde o “último episódio” até agora…
Se bem se recordam, a última vez
que vos contei novidades, nós tínhamos ficado na parte em que vos descrevi uma
atuação minha num programa de dança da TVI: “Dança com as Estrelas”, em que eu
e o Pedro admitimos sem problemas nenhuns que estávamos juntos “para sempre”
(irónico? Nada…). Já estão mais ou menos situados? Simplesmente, estavam todos in love felizes e contentes… E, assim se
manteve uns bons e fantásticos dias, mas essa atuação na televisão abriu portas
novas na minha vida que eu não esperava e fechou outras tantas. Após esse referido
programa, várias revistas e artistas me contactaram para entrevistas e pequenas
participações quer em desenho de coreografias, quer na prática dessas mesmas danças
em videoclipes musicais, mas nada que despertasse o meu interesse e motivação
para aceitar. Todavia, recebi via correio eletrónico uma proposta que fixou
totalmente a minha atenção, com o seguinte texto:
“Excelentíssima Senhora Inês Correia,
Vimos por este meio convidar sua excelência a participar num
projeto cujo objetivo é aperfeiçoar possíveis estrelas na dança, isto é, limar
as arestas da técnica de dançarinos para estes se tornarem profissionais. Este
projeto conta com avaliações e, as duas pessoas com piores avaliações serão
eliminadas semanalmente, vencem as cinco pessoas finalistas. Os vencedores
terão direito a um certificado profissional, uma possibilidade de pertencer a
uma equipa profissional e um prémio de 15.000€ cada. Este projeto terá duração
de 4 intensivos meses. A estadia para os vários concorrentes será no campus
reservado com direito a alimentação.
Geralmente as inscrições neste projeto são feitas através de
castings e várias seleções dos elementos, todavia vocês é uma das poucas
exceções que nós contactamos diretamente com esta proposta. Esta é uma proposta
única na vida e espero que tenha isso em consideração.
Aguardamos uma resposta positiva da sua parte a esta proposta,
como é óbvio…
Com os
melhores cumprimentos,
PUMPfidence”
A proposta foi sem dúvida a mais
aliciante que já tinha recebido e irrecusável. Os membros da PUMPfidence vieram
atrás de mim, eu não tinha concorrido para o projeto como seria o “normal” e
esperado, o que tornava a proposta ainda mais incrível e honrosa para mim.
Deste modo, não concorrer neste projeto não era sequer uma hipótese para mim e
foi aí que todos os meus problemas começaram, os mesmos problemas que
condicionam a minha situação atual… Eu decidi falar da notícia no próprio dia
que a recebi, quando tive a oportunidade, durante um jantar lá em casa entre
mim, o Pedro, o meu primo e a minha melhor amiga, que eram das pessoas mais
essenciais à minha vida, principalmente ali na capital.
-
Pessoal, eu tenho uma excelente notícia para vos contar! – Exclamei sorrindo
abertamente, captando a atenção das três pessoas que estavam à mesa. – Vocês
não vão acreditar, quer dizer, nem eu ainda consegui acreditar bem que é
verdade… Enfim, a notícia é que eu recebi uma proposta para participar na nova
edição do projeto americano PUMPfidence!
Ao
olhar para as pessoas a quem me dirigi consegui ver as alterações no seu rosto
consoante assimilavam a grande novidade e as reações delas foram totalmente
distintas umas das outras. A minha melhor amiga Diana levantou-se aos
guinchinhos, a bater palminhas e aos pulinhos, parecendo uma autêntica
criança/adolescente, agarrando-se logo a mim a transbordar de felicidade por
todos, ela sabia que este era o sonho de qualquer dançarino com a mínima vontade
de ascender na dança. O meu primo Francisco sorria abertamente com um brilho enorme
de orgulho nos olhos, ele sabia o que aquilo significava para mim, mas alguma
preocupação também que ele não conseguia conter, nem queria fazê-lo porque ele
estava preocupado comigo, logo não podia deixar passar o assunto. Enquanto o
meu namorado fechou completamente o semblante, emburrou, e pela postura percebi
que estava irritado, apesar de tentar controlar-se ao máximo, eu via raiva a
sair por todo o lado, só faltava espumar como um cachorro. Aquela era a atitude
que eu nunca esperaria do Pedro, ele era suposto estar do meu
incondicionalmente, não?
-
Parabéns, amiga! – Gritava a Di, levando-me a gargalhar baixinho.
-
Esse não é aquele projeto de sonho de dança? Eu não sabia que tinhas concorrido
para isso… Afinal pareço ser sempre o último a saber de tudo! - Murmurou de
forma seca e algum desprezo na voz o homem dos meus sonhos, pelo menos era.
-
Eu não concorri, eles mandaram-me e-mail a pedir que eu participasse… Como é
lógico, se eu tivesse entrado nalgum casting tu saberias… Aliás, vocês são os
primeiros a saber que eu recebi este e-mail e não estou a perceber o que está a
acontecer contigo, Pedro. - Justifiquei, tentando esconder a mágoa que a
atitude dele me estava a causar. Ele conseguia ser a pessoa que mais alegrias
me dava mas que também me partia mais o coração com as atitudes que ele
demonstravam… Ele sempre foi compreensivo comigo e eu com ele, porquê isto
agora?
-
Priminha, tu já falaste com o Dr. Gonçalo se estás em condições para esse
esforço todo? Não cometas nenhuma asneira, por amor de Deus, a tua saúde é mais
importante que esse projeto! – Questionou um Francisco preocupado, ao que logo
tranquilizei com os resultados dos meus exames estarem todos bem e todas as
declarações de rotina feitas pelo meu médico. – Então, acho que só me resta
dar-te os Parabéns e desejar-te muita sorte… Estamos juntos, minha pequena! És
o nosso maior orgulho! Certo, Pedro?
-
SÓ PODES ESTAR GOZAR COMIGO, FRANCISCO! ISTO É A CENA MAIS RIDÍCULA QUE JÁ
PRESENCIEI EM TODA A MINHA VIDA! SE VOCÊS ACHAM QUE EU VOU DEIXAR A MINHA
NAMORADA IR PARA ESSA PALHAÇADA E ME DEIXAR AQUI SOZINHO, ESTÃO TODOS MUITO BEM
ENGANADOS… A MINHA NAMORADA NÃO VAI A LADO NENHUM! NEM EM SONHOS, ERA O QUE MAIS
ME FALTAVA! EU NÃO VOU TER UMA NAMORADA COM UMA PROFISSÃO DE VERGONHA, QUE ANDA
A DANÇAR PARA OS HOMENS TODOS! VOCÊS ACHAM QUE EU NÃO CONHEÇO AS DANÇAS QUE
SURGEM NESSES PROJETOS? AH, CLARO, É O SONHO DE QUALQUER DANÇARINO… POUPEM-ME!
CRESÇAM! VOCÊS PARECEM CRIANÇAS IDIOTAS QUE SONHAM EM SER POP STARS… – Gritou,
levantando-se e espumando de raiva. A verdade é que na nossa relação ele sempre
foi o pilar que nos suporta, a âncora que nos fixava e não nos deixava fugir do
controle, se ele estava descontrolado, eu também ficava… se ele estava feliz,
eu também estava… se ele estava triste, eu também estava…
-
TU ESTÁS A FALAR COMIGO? ISTO É UMA BRINCADEIRA, CERTO? TU ACHAS ISTO UMA POUCA-VERGONHA?
ESTA É A MINHA VIDA! QUANDO TU ME CONHECESTE EU JÁ ERA ASSIM OU ACHASTE SEMPRE
QUE EU IA MUDAR? POIS BEM, EU NÃO VOU MUDAR POR CAUSA DE HOMEM NENHUM… DEVIAS
ENTENDER ISSO DESDE O INÍCIO. SÓ NÃO PERCEBO PORQUE É QUE NÃO ME APOIAS NAS
MINHAS DECISÕES? PORQUE NÃO FAZES O TEU PAPEL DE NAMORADO E APOIAR-ME? ERA
SUPOSTO FICARES FELIZ POR MIM E ESTARES DO MEU LADO… PORQUE É QUE SÓ ME JULGAS?
-
Achas que vamos namorar à distância? Achas mesmo que eu quero ter uma relação
com uma mulher que prefere ir para os Estados Unidos abanar o corpo durante
meses em vez de ficar comigo do meu lado a apoiar-me? Tu estás a pensar no
nosso futuro? Tu estás a pensar em filhos nossos que depois terão uma mãe que
quer mostrar o corpo para todos, uma mulher que quer provocar homens? Achas que
isso é vida para ti? Então, força, vai! Mas não contes nunca mais comigo… Eu
realmente devo ter-me enganado tanto e conhecido uma Inês que nem sequer
existe, eu devo ter imaginado a Inês que queria. Foste a minha maior desilusão!
Após este discurso ridiculamente
estupido, ele saiu pela porta fora do apartamento e eu nunca mais o vi à
frente, nem mais gordo, nem mais magro. A verdade é que toda aquela situação só
me motivou a seguir com a minha vida em frente e ser independente, ir atrás dos
meus sonhos, contando com o apoio daqueles que são as verdadeiras pessoas que
estão na minha vida desde sempre e para sempre. Portanto, aceitei a proposta e
preparei-me para uma vida diferente, uma nova aventura, uma experiência que eu
estava a precisar agora mais do que nunca… A minha família inteira, a equipa do
Benfica e todos os meus amigos organizaram-me uma festa de arromba como despedida
do país que me viu nascer e me fez quem eu sou, festa essa em que ele se recusou a aparecer, apesar de
saber de tudo… e no aeroporto? Nem vê-lo! Eu confesso que sonhei com aquela
típica cena de ele surgir e tentar-me impedir de apanhar o avião. Aquela cena
de me abraçar, beijar e sussurrar que ficaríamos juntos mesmo comigo do outro
lado do oceano, mas mais uma vez me iludi… Essa cena é típica de filmes por algum
motivo e infelizmente a realidade é muito mais cruel e desagradável!
Eu estava na loucura máxima! Os
Estados Unidos tinham-se transformado na minha segunda casa, onde eu podia ser
eu mesma e me expressar à vontade, sem receios do que pensariam de mim. A competição
já tinha começado há uns 3 meses e meio e eu ainda fazia parte do projeto,
contactava constantemente com a minha família e com os amigos mais próximos,
que acompanhavam o programa ao máximo de casa deles, mas recusava de qualquer
forma possível e imaginária a receber e saber notícias daquele homem que eu
mais tinha amado no mundo. Eu morria de saudades de todos e sentia-me
completamente esgotada, mas feliz por participar naquele projeto excecional,
feliz por aceitar aquela experiência sem desistir por causa de homens e
relações. Eu era, pelo que diziam, uma das potenciais finalistas vencedoras e
via a possibilidade de me tornar dançarina profissional cada vez mais perto. O
tempo passava a correr, o rigor e exigência duplicavam ou triplicavam todos os
dias e com apenas duas semanas para a grande final, os treinos só aumentavam e
o tempo de descanso diminuía… O problema chegou quando o meu corpo começou a
não aguentar toda aquela pressão, não respondendo constantemente às exigências
que lhe eram impostas e comecei a desmaiar frequentemente, ao ponto de ter de
consultar um médico com urgência, sem haver um possível escape a isso. Não
posso negar que o meu receio com aquilo que poderia ser diagnosticado era
absurdamente enorme, tendo em conta ao meu histórico médico, então tremia por
todos os lados no hospital, enquanto fazia inúmeras análises e exames.
Estava
sentada na cadeira e sentia-me o mais desconfortável possível. Não por culpa da
cadeira em si, que até seria confortável se eu não estivesse naquela situação
toda de não saber o que tenho ou deixo de ter. Para complicar mais o meu
sistema nervoso, o médico continuava com aquele olhar abismado para as
análises, já fazia uns 5 minutos que ele olhava para tudo sobre a secretária
dele sem falar nada e eu ali à espera... Eu não sou a pessoa mais paciente no
mundo, mas mesmo que fosse, naquele momento deixava de ser. Eu sentia o meu
equilíbrio emocional prestes a ruir, eu só queria saber o que se passava para
poder correr dali e chorar em paz… E, se fosse demasiado grave, poder correr
para os braços da minha mãe.
-
Por favor, Doutor, imploro que me diga alguma coisa! Eu não aguento estar no
desconhecido por muito mais tempo… Isto está a sufocar-me! – Supliquei
baixinho.
-
Oh, desculpe, só acho impressionante que com o seu histórico médico todo isto
ter acontecido, acho que você nem sequer pôs essa hipótese, se não seria a
coisa mais lógica do mundo… - Começou o médico a divagar, continuando com o
olhar nos exames.
-
Doutor, o que é que eu tenho? Eu tive alguma recaída? Eu vou ter de deixar o
projeto porque piorei outra vez? Eu sei que tinha os exames todos tão
controlados, será possível que em tão pouco tempo descambou tudo outra vez?
Será que eu não tenho sorte nenhuma? – Murmurei desesperada e com os olhos
recheados de lágrimas que eu continha ao máximo.
-
Inês, uma questão: há quanto tempo não é menstruada? – Questionou-me
calmamente.
-
A última vez foi antes de vir para cá, se bem me recordo, mas o que isso tem
haver? Eu tive aquele problema todo em que fui submetida a cirurgia e demora
algum tempo a equilibrar tudo outra vez… - Eu falava sem parar e gesticulava
que nem uma maestra, eu não percebia a ligação para aquilo tudo.
-
Respire fundo, por favor… Você precisa de se acalmar, a Inês está grávida!
Agora tem alguém que depende inteiramente de si!
Se
uma bomba tivesse caído sobre a minha cabeça, os efeitos causados seriam infinitamente
menores que o que aquela informação dada pelo médico me causou… Naquele
momento, tudo parecia fazer sentido para mim: eu sentia-me mais inchada (não
por estar mais gorda ou assim, mas por causa de um bebé que tinha dentro de
mim), frágil emocionalmente (não eram só as saudades de casa, nem o stress da
competição, mas era os efeitos hormonais da gravidez), desmaiava imenso (não
por o projeto ser demasiado para mim, mas porque eu não podia exigir tanto de
mim enquanto grávida) e aquele atraso da menstruação (não era sinal que eu
ainda não estava bem, mas, pelo contrário, eu estava bem o suficiente para
poder ter um feijãozinho dentro de mim).
A
questão é que eu teria de abandonar o projeto, sem dúvida alguma, aquela
criança recém-descoberta era a minha prioridade número 1 em tudo, era a minha
vida… E o pior é que eu não sei se o pai da criança vai aceitá-la, nem sei se
ele merece sequer saber da novidade, afinal ele não disse que nunca mais me
queria ver à frente? Não foi ele que me virou as costas quando precisei do
apoio dele? Será que deva contar?
-
Por favor, acalme-se, Inês! – Falou o médico, ao presenciar o meu início de um
ataque de pânico.
-
Está tudo bem com o bebé? – Perguntei pausadamente e em murmúrios.
-
Só com uma ecografia é que saberá, Inês. Você tem de começar urgentemente o
pré-natal e a ser acompanhada por um médico, eu posso indicar algum dos meus
colegas, tenho a certeza de que não se irá arrepender…
-
Não, obrigada! Eu vou ser acompanhada no meu país… Eu preciso de ir para casa,
para Portugal! - Interrompi o médico de imediato, eu só queria sair dali e
despachar tudo o mais rápido possível para procurar consolo e apoio dos meus
pais. – Posso fazer esta viagem de avião, certo?
-
Inês, se faz mesmo questão, faça essa viagem, mas depois cuide de si e do bebé…
O seu quadro clínico necessita de uma vigia permanente e essa gravidez pode ser
um perigo para si!
As palavras do médico de que “essa gravidez pode ser um perigo para si”
não saiam da minha cabeça, muito menos nas longas horas de viagem que tive de
passar dentro de um avião, ao lado do avozinho que ressonava e da senhora que
reclamava até com a concentração de determinados sais nas garrafas de água.
Só avisei uma pessoa do meu
regresso a Portugal, mas não expliquei o motivo. Eu tinha tomado a decisão que
a próxima pessoa a saber da minha gravidez teria de ser o pai da criança, mesmo
que ele depois não a quisesse assumir… Portanto, mal aterrei, pedi ao meu primo
para me levar até ao Pedro, pois tratava-se de um assunto urgente e que não
poderia esperar.
-
Priminha, que saudades! – Gritou o meu primo, em pleno aeroporto, ao abraçar-me
com força, levantando os meus pés do chão. – Que surpresa é esta e o que é que
estás cá a fazer?
-
Resolver umas questões… Portanto, meu amor, preciso que me leves até ao Rebocho
agora! – Falei séria, de forma a ele entender que era mesmo importante.
-
Nocas, ele não aceitou nada bem a tua partida, eu não sei se ele te quer ver à
frente tão depressa… Além disso, ele nem sequer está em Lisboa, é o nosso dia
de folga.
-
Perfeito! Pega no carro e leva-me até ao Alentejo, estou desejosa de rever os
meus “ex-sogrinhos”.
Se o meu primo insistiu ainda em
tentar-me fazer desistir da ideia de ir atrás do Pedro? Como é óbvio! Mas não
havia volta a dar, eu não poderia deixar passar mais tempo. Eu não podia ter a
criança, ignorando quem é o pai dela, eu não tinha esse direito… por mais que
no momento fosse o que eu mais desejava. Então, só nos restou seguir viagem e,
mais ou menos, duas horas depois estávamos à porta da casa da família Rebocho.
-
Tens a certeza que queres fazer isto, Inês? – Questionou o meu primo, antes de
eu tocar à campainha… Ainda era possível fugir e, por muito que eu preferisse
virar costas, eu tinha de confrontá-lo!
-
Não, mas eu tenho de fazê-lo, Kiko! Tu depois perceberás porquê, e eu sei que
apoiarias esta minha decisão. Vai ser muito difícil e sei que sou uma cobarde,
portanto preciso que fiques ao meu lado, eu não sei se vou aguentar depois… -
Comentei com lágrimas no rosto e pressionando a campainha. Poucos segundos
depois, eu vejo uma senhora sorridente a abrir a porta, a Senhora Rebocho,
aquela pessoa que não tinha gostado muito de mim quando me viu pela primeira vez,
mas que se tornou um grande apoio, quase como uma segunda mãe para mim, assim
que nos conhecemos melhor.
-
Inês, meu amor, o que fazes aqui? Tu devias estar a ganhar o programa
americano… - Comentou, dando-me um abraço apertado, o que me levou a chorar
como um bebé. – O que é que se passa, minha querida? Entrem, podemos falar à
vontade…
-
O Pedro? Eu preciso de falar com ele urgentemente… - Sussurrei entre lágrimas.
-
Os três homens desta casa saíram para o habitual “programa de homens”, tu sabes
como é, mas eles não devem demorar… Queres falar comigo e contar-me o que se
passa?
-
Eu vou estragar a vida ao seu filho, eu juro que não foi com intenção! Além
disso, eu não sei se viverei muito mais tempo para poder contar a história… Eu posso
morrer, mas não vou voltar atrás com a minha decisão!
-
Tu podes morrer e não fazes nada para impedi-lo? Estás a precisar de um novo
transplante mas não queres pedir ajuda ao meu filho por orgulho, é isso? Por
amor de Deus, minha filha, a tua vida é mais importante que qualquer outra
coisa! – Exclamou a senhora chocada comigo.
-
Nocas, é sério? Tu corres risco de vida? – Perguntou o meu primo assustado, ao
que eu apenas consegui assentir com a cabeça.
-
TU FICASTE LOUCA DE VEZ?! TU NÃO VAIS MORRER, EU NÃO DEIXO! – Berrou o Pedro,
olhando-me com raiva, certamente ouvindo a parte final da conversa.
-
Não estou louca! Eu posso morrer, porque sou uma inconsciente e fraca o
suficiente para não sobreviver e ter a criança que estou à espera. Eu estou
grávida, Pedro, e não vou abortar! Nós vamos ser pais…
estou tão feliz por teres voltado a escrever :D
ResponderEliminarsobre este capitulo:
- que reacção foi aquela do menino Pedro Rebocho?? ele é parvo?? fiquei triste com ele :(
- não quero que ela morra, ela tem que sobreviver!! ela e o Pedro têm que ficar juntos, tomar conta da criança!!
- não aguentarei se morrer depois de tudo o que já passou
fico à espera de mais :)
beijinho