terça-feira, 10 de março de 2015

CAPÍTULO 10 - "LOVE IS A FUNNY THING..."



No capítulo anterior:
- Fala! - ordenei mal ficamos sozinhos.

- Inês...
O olhar dele disse-me tudo, ele sentia-se perdido, sem saber que decisão tomar e aquela situação incomodava-o imenso...
- Pedro, deita aqui comigo... - pedi batendo na cama, junto a mim.
- Nocas, tu precisas de descansar... - falou recusando, o que me deixou triste...
- Tudo bem, eu já percebi... Este é o fim, tu estás a desistir de nós, de mim... Eu não te censuro...


- Oh pequena, não tem nada haver com isso... Eu nunca vou desistir de nós, Nocas... Tu precisas de descansar, tens de recuperar totalmente... - disse, acariciando a minha bochecha com as costas da mão.
- Então porque é que só me afastas de ti? Porque é que não falas comigo? Porque é que pelo menos não demonstras que gostas de mim? Não pareces o mesmo, Pedro... Eu sinto-me demasiado carente, sensível, emotiva... Eu preciso de te sentir perto de mim... Será que é algo assim tão estranho?
- Inês - sussurrou ele enquanto me abraçava com ternura, para depois nos beijarmos. - Meu anjo, podemos ficar só um bocadinho assim, bem juntinhos? Se quiseres mesmo, eu depois conto-te, mas eu preciso de sentir que estás bem...


- Ok... Então, diz-me como é que têm sido estes dias em Lisboa? Com toda a confusão, nem falamos sobre o jogo que tiveram anteontem... Jogaste muito bem, como sempre, Parabéns pela vitória, grandalhão!
- Os dias em Lisboa são passados em contagem decrescente para estar contigo, quem diria que um dia iria querer passar mais tempo no Porto que em Lisboa, ironia da vida... - confessou, o que nos levou a rir. - Sabes que é deveras engraçado o facto de que tu fazes com que meio hospital da cidade do Porto veja o jogo do Benfica?
- Não tenho culpa se a televisão daquele salão de convívio é a maior e melhor deste hospital... - falei de língua de fora.
O dia foi passando, o convívio com a minha família e o Pedro só me ajudava na recuperação... A verdade é que o meu quarto de hospital transformou-se num acampamento de ciganos, podíamos encontrar comida, tralha, brinquedos, tudo por todo o lado. E o trabalhão no final a arrumar? Eu e o Pedro fomos os únicos que nos safamos a isso.
Eu irradiava alegria por todos os lados, nem parecia que tinha sido operada nesse mesmo dia... Mas ainda assim algo me atormentava, sentia que não ia gostar muito daquilo que o Pedro tanto me escondia... Durante o tempo que estive com a companhia de todos os meus familiares e amigos que me tinham ido visitar, consegui abstrair um pouco essa preocupação, mas com a chegada da noite e o fim do turno de visitas, o receio começou a tomar conta de mim...
Só o Pedro ficou no quarto comigo, devia ter pedido para passar a noite ali, algo que o Dr. Gonçalo não recusaria pois seria melhor para a minha recuperação... Ele deitou-se junto a mim e o olhei fixamente sussurrando:
- Conta-me, por favor... Eu não aguento mais este silêncio... O que é que se passa contigo?
- Inês - suspirou - É mesmo importante para ti que eu conte?
- Claro que é! Tu sabes disso...
- Pequena, não estava nos meus planos contar-te, pelo menos, não por agora... Quem sabe, talvez mais tarde eu te fosse contar... Tu não vais gostar muito disto, eu sei... Eu tenho medo que te chateies comigo, eu não quero discutir, não quero zangas...
- Pedro, tu estás a assustar-me... O que é que tu fizeste?
- Antes de te contar, quero que me prometas que não te esqueces que tudo o que fiz foi por amor, não quero cobranças, nem obrigações... Nada, foi tudo amor...
- Pedro, conta - pedi assustada.
- Promete, por favor...
- Conta e depois veremos...
- Lembraste eu dizer que o dador era anónimo? - questionou com calma.
- Sim, porquê?
- Isso não é bem verdade...
- Eu não acredito! Porque é que me mentiste? - eu estava indignada, odeio mentiras!
- Eu não menti propriamente, só omiti a verdade... Foi tudo para o teu bem... - gaguejou.
- Ou seja, eu não aceitaria se soubesse quem era o dador... - concluí. O meu raciocínio foi prosseguindo e eu murmurando - Eu não queria que as pessoas mais próximas de mim fizessem o transplante porque elas teria de estar uns dias paradas para recuperar... - E fez-se luz - Oh meu Deus, porque é que tu fizeste isso?
- Se tu soubesses quem era, tu não aceitarias e quando eu encontrei alguém compatível, não podia correr esse risco...
- Ok, eu compreendi isso, mas porquê tu? Eu disse que não queria que tu desses...
- Tecnicamente, nunca disseste com as letras todas que não querias que eu fosse o dador... - falou sorrindo, tentando se desculpar. Porém a resposta que recebeu não passou do meu olhar de escárnio, fazendo com que ele prosseguisse o discurso - Meu anjo, eu fiz os exames de compatibilidade e o resultado foi excelente. Eu falei com o teu médico e ele disse que dificilmente encontrariamos outra oportunidade destas. Além disso, tu estavas muito mal, por minha culpa... Pensa que foi uma forma de me redimir, uma pequena prova de amor, um gesto bonito, como quiseres... Mas, tenta compreender o meu lado, eu não podia deixar escapar esta hipótese... Tu no meu lugar farias o mesmo, eu sei disso!
- Pedro, como é que achas que me sinto agora? Odeio que me mintam, que façam as coisas nas minhas costas, que tomem decisões por mim... E o que é que tu fizeste? Não me sinto confortável com esta situação... Quanto tempo é que estarás parado?
- Uns 3 dias seriam o bastante mas eu falei com o Mister, e tendo em conta que o jogo deste fim de semana não é muito complicado, eu volto aos treinos e jogos para a semana...
- O quê? Tu estás parvo! Uma semana parado? Vais falhar no fim de semana? - O meu nível de irritação estava a atingir os limites...
- Inês, por favor, foi sugestão do treinador...  Vê o lado positivo, estou aqui contigo, não estou?
- Esta discussão não fica por aqui, aviso já... E ainda falta saber de onde vem o dinheiro. Mas, hoje não, não aguento mais emoções... Preciso de descansar e preciso demasiado de ti...
Enrosquei-me bem no abraço do homem que mexia totalmente comigo, dei-lhe um beijo no rosto e tentei sentir apenas que o nosso amor era verdade...


Antes de adormecer, sussurrei:
- Eu admiro muito o que fizeste por mim e agradeço-te do fundo do coração. Mas não quero que me voltes a esconder coisas, odeio isso...

Os dias foram passando e chegou a tão aguardada sexta feira, o dia em que deveriam saber o resultado efetivo do transplante e da reação do organismo da Inês ao mesmo... As notícias não podiam ser melhores, ao que tudo indicava, a rapariga estava completamente curada! Como tal, teria só mais um dia de repouso no hospital, saindo no sábado de manhã.
Se o suposto seria ir para casa e descansar, isso não verificou. Muito pelo contrário, o casal foi assistir o jogo Penafiel x Benfica. Nenhum dos dois queria perder aquela partida de futebol do seu clube de coração. Como jogador, o Pedro arranjou bons lugares para os dois...

O jogo estava empatado e eu farta de reclamar. Estava sentada ao lado do Pedro, de mãos dadas, ele bem mais calmo que eu... Até que numa jogada excecional, Salvio cruza a bola e o meu primo marca... Eu saltava, gritava e olhei admirada para o festejo. Primeiro uma dancinha engraçada, que me fez lembrar uns passos que eu tinha ensinado o meu primo a dançar, um beijo numa tatuagem (desconhecida para mim, o que chamou imenso a minha atenção) e apontou na minha direção. Só tive tempo de lhe sorrir e atirar um beijo...

 


Eu estava radiante, apesar de não saber que tatuagem era aquela, fiquei emocionada com o gesto do meu primo. Não era o meu primeiro golo que ele me dedicava, mas este tinha um significado especial. O jogo terminou e o meu Benfica ganhou, graças ao golo do meu primo, graças àquele golo dedicado a mim...
Devido ao facto de eu ser prima do Francisco e estar acompanhada pelo Pedro, consegui dirigir-me ao pé do meu primo para falar com ele. O jornalista ao ver o homem da vitória, chamou-o para as típicas entrevistas rápidas. Até que uma pergunta me chamou particularmente a atenção:
- Francisco, todos estão curiosos, que festejo foi aquele após o golo?
- Isso? - perguntou rindo. - Foi uma dedicatória...
- A quem, podemos saber?
- À minha menina, ela ama dançar e ensinou-me aqueles passinhos ainda quando éramos crianças e ela hoje está presente, apesar de ter tido alta esta manhã do hospital. Se eu estou hoje aqui, devo muito a ela, ela é um grande exemplo para mim, ela é uma lutadora e vencedora... - falou olhando nos meus olhos, o que me fez correr na direção dele e agarrar-me a ele.
- Obrigada! Amo-te! - sussurrei ao ouvido.

Como domingo seria dia de folga, o meu primo e o Pedro ficaram comigo no Porto. Segundo o meu primo, íamos relaxadamente relembra um pouco os velhos tempos... Fomos jantar fora, os rapazes não resistiram às potentes francesinhas do Porto, enquanto eu fui para uma refeição muito mais soft. Porque será?
A seguir, dirigimo-nos para um bar que eu adorava e que me tinha acolhido durante a minha juventude... O bar era conhecido pelas suas noites de atuações, karoke, dança, etc.
- Olha a loirinha mais gata voltou... - ouvi uma voz de rapaz gritar. 

  Que dizem da reação da Inês?
Quem será este rapaz que se meteu com ela?
O que será que vem aí?
E a questão de onde veio o dinheiro da operação, continua no ar...



Wow, gracias pelos comentários... *-* 
Quanto mais comentam, mais me dá vontade de escrever e publicar... :)
Aqui está mais um capítulo, espero que gostem...
Estou a tentar melhorar a minha escrita, desculpem a falta de experiência.
Beijinhos,
Rita Bonito

2 comentários:

  1. Olá

    Fartei-me de rir com a reação da Inês xD Graças a deus que ela teve alta ... Agora quero saber quem é esse rapaz e só espero que não venham aí problemas para a Inês e para o Pedro .... E o dinheiro deve ter vindo do Pedro e da família dela o que a Inês pode não achar lá muita piada.


    Próximo !


    Beijinhos


    Catarina

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  2. Olá!
    Confesso, não percebo a Inês... Ela tem a vida em risco e o que a preocupa é que o dador fica uma semana parado? Sinceramente eu acho que reagiria totalmente ao contrário. Aceitaria logo o primeiro dador que aparecesse. Uma semana de trabalho perdida não é nada comparado a perder uma filha, irmã, namorada. E pode não parecer mas quando alguém está mal, quando alguém morre, são os familiares e amigos que cá ficam que mais sofrem com a partida!
    Mas continuando. Ela está melhor e agora vamos poder vê la num ambiente diferente, em plena liberdade.
    E esta última parte... Não sei se isto foi um comentário de um velho amigo ou pura provocação...
    Espero para ver!

    Beso
    Ana Santos

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