No
capítulo anterior:
Ah,
é verdade, o Pedro voltou ontem com o meu primo, já
que a minha operação será amanhã... Estou super receosa, a operação
não pode ocorrer mal, eu tenho de ficar bem...
15
minutos antes da operação...
Estou
nervosa, ansiosa, tenho receio... Por algum motivo, eu não queria o
transplante, depois de tantos esforços, o meu corpo pode
rejeitar... E iria tudo por água abaixo, medula doada, dinheiro...
Eu sei que tenho grandes profissionais de volta de mim e já me fizeram imensos
exames para tudo correr bem, mas o receio mantém-se... Agora eu
devia acalmar-me um pouco, eu preciso do Pedro comigo... Eu sinto-me a tremer
por todos os lados, preciso de sentir a mão dele sobre a minha,
a voz dele, sentir que ele me ama... Aquele aperto do peito tão familiar começa a surgir... Pedro,
onde é
que estás?
Eu preciso tanto de ti...
-
Kiko, vai chamar o Pedro, por favor... - supliquei.
-
Nocas, o Pedro não
pode agora, além
disso tu tens de entrar... Relaxa, vai tudo correr bem... - falou e deu-me um beijo
na testa.
-
Francisco, por favor, diz ao Pedro que eu o adoro... Primo, se a operação
não
correr bem, olhas pela nossa família e ajudas o Pedro a seguir em
frente? - murmurei séria.
-
Vai tudo correr bem... Mas ok... Até já!
Entretanto,
decidiram levar-me para o bloco, estava na hora do transplante...
(NARRADOR)
Durante
a operação, na sala de espera...
Na
sala, estavam os pais da Inês, os irmãos e o primo, ela não queria que ficassem
muitas pessoas por lá,
achava desnecessário...
Até
que aparece o moreno da Inês. O Pedro caminhava muito lentamente,
gemendo com dores e uma cara não muito agradável... Assim que
chegou perto dos familiares da rapariga, sentou-se numa cadeira e cumprimentou
todos baixinho:
-
Boa tarde!
-
Como é
que estás,
mano? - perguntou o Francisco.
-
Estou bem, só
com algumas dores... Como é que ela ficou?
-
Sem anestesia, deve doer, não? Ela ficou muito nervosa, só queria te ver e
dizer que te adora...
-
A minha pequena vai ficar bem... - disse sorrindo. - Francisco, com ou sem dor,
eu não
podia correr o risco de algo correr mal, sem anestesia na remoção
há
menos probabilidade de correr mal... Agora vamos aguardar e rezar... Vai tudo
correr bem, tudo tem de correr bem...
Pedro
reparou em duas crianças loiras num banco, conseguiu identificar
que eram os irmãos
da Inês
que estavam muito sossegados a um canto, o que para um casal de gémeos bem irrequieto e
energético,
nem pareciam eles... Aquelas crianças não brincavam, não falavam, não se mexiam
praticamente... Era estranho... Ao reparar nisso, o Pedro aproximou-se da
cadeira deles e agachou-se, de modo a ficar ao nível deles.
-
Olá,
meninos! Vocês
são
os irmãos
da Inês?
- ao que as duas crianças acenaram calmamente com a cabeça - Eu sou o Pedro. A
vossa irmã
falou muito de vocês...
Não
querem brincar? Ou preferem ver bonecos? A Nocas disse-me que vocês gostavam muito do
"Tom e Jerry"... Querem ver?
Assim,
o Pedro tentou com um Tablet ligado à net a ver desenhos
animados conquistar os mais pequeninos (e quem sabe, seus futuros cunhados...).
Apesar dos comentários
que poderiam surgir, o Romeu não resistiu de publicar uma foto dos gémeos no instagram:
@pedrorebocho23: À
espera de notícias, tamo juntos...
Quando
se está
numa sala de espera, o tempo parece que não passa, os nervos e
o stress só
aumentam e a falta de notícias torna tudo mais desesperante e a
prova disso era aquela sala de espera, os únicos que estavam um
pouco aparte destes sentimentos eram as crianças (que como ainda são pequenas não percebem o que se
estava a passar)...
Como
não
poderia deixar de acontecer, várias publicações
de amigos da Inês
surgiram pelas redes sociais, todos a desejarem o melhor para ela... Francisco
e Pedro não
foram exceção...
@franciscocorreia32: Nocas, minha
priminha, minha guerreira, tu vais superar isto. Força,
é só mais uma barreira que tens de ultrapassar na tua
caminhada... Amo-te!
@pedrorebocho23: Chegou o momento...
Estou contigo e sempre estarei, pequena.
Após 1 hora do início da operação...
Uns
sentados, outros em pé, todos aguardavam por novidades...
A
pequena Madalena aproxima-se dos jovens jogadores do glorioso e confessa
baixinho, junto do primo:
-
Kiko, eu quelo a Nênê... - disse fazendo
beicinho.
-
Mada, tens de esperar... - respondeu pacientemente Francisco, acariciando os
cabelos louros da menina...
-
Pimo, quando podemos ve a mana? - perguntou o rapazinho, que entretanto se
tinha aproximado.
-
Só
temos de esperar mais um bocadinho, Teus...
-
Familiares da Inês
Correia? - chamou o Dr. Gonçalo ao entrar na sala de espera.
Logo
foi uma correria até
o médico,
quatro adultos sedentos por boas notícias, com a tão sonhada boa nova, e
duas crianças
meio perdidas naquela confusão... Rapidamente, o médico da jovem
transmitiu àquelas
pessoas que a operação
tinha corrido bem, agora seria preciso vigia para perceber se o transplante
realmente tinha sido um sucesso.
(INÊS)
Quando
acordo, vejo o meu quarto cheio de pessoas de olhos postos em mim. Estavam os
meus pais, o meu primo, o Dr. Gonçalo e duas enfermeiras... Mais uma vez,
o Pedro não
estava ao pé
de mim, será
que ele tinha desistido de nós?
Antes do transplante desapareceu e depois da operação
também
não
está
ao pé
de mim... Sem me aperceber, eu estava a ficar os olhos com água, eu sentia-me
triste... Eu já
o considerava demasiado importante para mim, eu não o queria perder...
Até a porta se abrir com
um barulhão
e eu ver as minhas duas pestinhas a correr na direção
da minha cama...
-
Manaaaaa - ouvi eles gritarem ao repararem que eu já estava acordada.
-
Meninos, com calma, por favor... - escutei a minha mãe reclamar.
-
Olá,
meus amores! - disse eu sorrindo. Pedi com o olhar para o meu pai por os meus gémeos em cima da minha
cama, perto de mim... Eu precisava disso, eu precisava deles como eles
precisavam de mim... Em cima da minha cama, logo houve o abraço entre os irmãos...
-
Vêx,
Mada? O Pedo tinha raxão, a mana acodou... - falou o Mateus
todo contente...
-
O Pedro? - perguntei confusa.
-
Alguém
falou em mim? - e ele surgiu
encostado à
ombreira da porta...
Ele
estava mesmo ali, perto de mim... Eu não conseguia
acreditar, ele estava cá e eu estava radiante... Para mim, o
tempo tinha parado naquele momento, só havia eu e ele
naquela sala, como se fosse uma realidade paralela...
Ouço as vozes dos meus
pais e do médico
a dizer que iam sair do quarto, mas não dei muita importância... O meu foco
estava nele...
-
Pedo, vem 'páqui',
pá
noxa beia (vem para aqui, para a nossa beira)
- chamou a Madalena da minha cama.
Um
sorriso sincero surge no rosto do Pedro até ele começar a andar e aí tudo muda... Por
muito que ele tentasse esconder, eu vi, ele estava a mancar e tinha traços de dor no seu
rosto... O sofrimento estava estampado no rosto dele, por muito que ele até tentasse esconder,
com passos lentos e frágeis... Ele não estava bem e a
minha cabeça
começou
a entrar em parafuso, o que será que lhe tinha acontecido? Alguma lesão do futebol? Não podia ser, porque
antes da operação
ele estava bem... Será que tinha andado à porrada entretanto?
Porque motivo seria? Além disso, não via sinais de luta
no rosto, nem nos braços, nem nas mãos... Poderia ter caído das escadas? Não era do tipo dele
ser distraído
e desastrado, mas podia acontecer...
-
O que é
que tens? - perguntei, não aguentando a preocupação.
-
Quem? - questionou, fazendo-se de desentendido...
-
Tu!
-
Eu? Nada, porquê?
- falou desviando os olhos dos meus, ele estava a mentir-me descaradamente...
-
Não
me mintas! - exclamei irritada.
-
Inês,
não
se passa nada... - insistiu calmamente.
-
Tu pensas que eu sou idiota? Primeiro, desapareces antes da minha operação,
quando eu mais precisava de ti... Segundo, acordo e tu não estavas aqui...
Terceiro, estás
a mancar e cheio de dores... Achas isso normal? Achas que eu não notaria? A sério? - explodi. -
Ouve, eu adoro-te a sério, eu sei que aconteceu tudo demasiado
rápido
e é
demasiado intenso, sei que isto é demais para nós os dois... Mas eu
sinto que já
te conheço
muito bem, porque me mentes? Porque me estás a esconder coisas e
a tentar enganar-me? Onde está o homem honesto que eu conheço? - eu parecia uma
metralhadora, falava rápido e sem pausas com os olhos
marejados...
Confesso,
eu sempre fui muito emotiva e emocional, excessivamente até, e tanta emoção
num curto espaço
de tempo (a operação
e tudo) estava a afetar o meu estado racional e "normal"... Além disso, odeio
mentiras, odeio sentir que me estão a esconder coisas, que estão a fazer algo na
minhas costas... E odeio ver pessoas a sofrer, principalmente quem me é muito importante e
especial...
Mas
aí
eu vi o rapaz que eu tanto adoro, vi o Pedro mudar de postura, vi aquele calor
e intensidade característico de quando se trata de nós, vi a calma e
serenidade, vi amor naquele olhar. Ele juntou as suas mãos ao meu rosto,
acariciou-me e sussurrou:
-
Esquece isso, pode ser? Preocupa-te agora contigo, pequena... Eu estive a
tratar duns assuntos antes da operação,
desculpa...
-
Francisco, podes ir com os meus irmãos um pouco lá fora, para nós falarmos? - falei
com o meu primo sem desviar os olhos do Pedro. Eu não iria desistir...
Para uns uma qualidade, para outros um defeito, mas eu sou assim demasiado
persistente quando quero...
-
Fala! - ordenei mal ficamos sozinhos.
Será que é desta que a Inês sai do hospital?
Será que o Pedro vai contar?
Quem é que contribui monetariamente para a operação?
E já sabem quem foi o dador da medula?
Hello!
O 9º capítulo está publicado...
Não sei se continuarei a fic, a dúvida persiste...
Mas queria agradecer a todas as leitoras, principalmente aquelas que comentam, porque é graças a vocês que ainda escrevo...
Bom fim de semana!
Beijinhos,
Rita Bonito
Olá
ResponderEliminarAdoreiii *-* E a Inês vai sair do hospital, sim ..... Eu acho que o Pedro devia contar, é só mais uma prova do amor que sente por ela . O dador foi ele, o Pedro , e isso foi um gesto tão bonito . Quem contribuiu acho que foram as pessoas que realmente gostam dela ...
E bem, não desistas, porque a história esta cada vez melhor.
Beijinhos
Catarina
Olá!
ResponderEliminarSabes como amo estes dois, mas este feitio da Inês, espero que quando ela souber de tudo não se passe, o Pedro está a ser um querido com ela! E ela vai sair do hospital sim, ai de ti que não saia!
Quero mais mais e mais, assim rapidinho.
Besitos.
Olá!
ResponderEliminarCom que então o Pedro é o dador da Inês. Esta eu não esperava! Pensava que fosse alguém do banco de medula que fosse compatível!
Quanto ao dinheiro, aposto que a família contribuiu da forma que pôde, bem como o Pedro.
E agora se o Pedro contar a verdade, a Inês apenas lhe pode agradecer. Ele pode muito bem ter lhe salvo a vida!
Espero o próximo para ver como isto corre!
Beso
Ana Santos
Fantástico...
ResponderEliminarQuero mais... Tou super curiosa para ver o próximo...
Continua... Cada vez ta melhor...